Botos humanos
Em tempos traiçoeiros de influencers, viralizações e engajamentos manipulados por robôs e inteligência artificial, a verdade deixou de existir como valor lógico e demonstrado. No pós-verdade, verdade é qualquer coisa, fato ou não, que convence alguém manipulando suas emoções e crenças. A propaganda eleitoral maliciosa e as fake news encontram terreno fértil e inocentes úteis para disseminá-las, mesmo sendo falsas, por chocar, produzir impacto ou se adaptar às crenças do público.
As verdades reais, que não chocam nem emocionam, ficam perdidas, sem as milhões de visualizações infladas pela ação de robôs. Mas por vezes algo realmente verdadeiro consegue uma boa viralização na internet, como aconteceu com as imagens do resgate de um boto que sofreu com a seca, tirado da parte seca do Rio Madeira e levado a uma área alagada.
Pode-se alegar que a viralização não fugiu aos padrões comuns a outros casos em que chocar e emocionar funcionam como gatilhos para o compartilhamento. De fato, é chocante sentir a seca reduzindo assustadoramente o nível dos nossos rios e salvar uma vida é sempre emocionante. No caso do boto, há todo o imaginário popular que humaniza o animal em lendas e filmes. No fundo, todos os que sofrem com os fenômenos climáticos extremos são como aquele boto, à espera de um ato generoso e salvador por parte de seus líderes e instituições.
Aposta de Célio
Com expressivo índice de crescimento nesta reta final de campanha o candidato Célio Lopes do PDT e da aliança da federação formada pelo PT, Partido Verde e PC do B, tem agora também seus olhos voltados para o eleitorado jovem, segmento onde está ponteando a corrida pelo Paço Municipal, instalado no Prédio do Relógio. Todos os esforços agora estão concentrados pelos pedetistas para levar a promissora liderança da coalizão para o segundo turno. Lembrando que o eleitorado jovem é majoritário na capital e se abraçar de fato a causa de Lopes, o beiradeiro vai longe. Tem grande identidade com a capital.
Voto útil
O surpreendente crescimento da ex-juíza Euma Tourinho (MDB) tem a ver com a boa mão do seu marketing e do seu jogo de estratégia. Ela está conseguindo se firmar como a grande oposicionista na capital, pois faz oposição ao prefeito Hildon Chaves e ao governador Marcos Rocha. E é ai que ela está fazendo a diferença. Com esta articulação ela está sendo favorecida na escolha do voto útil, nos últimos dias de campanha. Neste momento, o eleitorado oposicionista está começando a escolha daquele candidato que está em melhores condições de bater a representante governista. É no voto útil, e Euma está crescendo neste espaço.
Com favoritismo
Com recursos fartos dos paridos aliados, mais as maquinas do prefeito Hildon Chaves, do governador Marcos Rocha e do presidente da Assembleia Legislativa Marcelo Cruz, a ex-deputsda federal Mariana Carvalho (União Brasil), virou a grande favorita para chegar na liderança no primeiro turno. O crescimento nos últimos dias dos candidatos Leo Moraes (Podemos), Euma Tourinho (MDB) e Célio Lopes (PDT) indicam uma eleição em dois turnos. A briga pela segunda vaga começa a ficar acirrada. Estima-se nos meios oposicionistas que para alcançar a próxima etapa o candidato oposicionista necessite alcançar entre 17 a 22 por cento dos votos.
Os debates
Os debates entre os candidatos à prefeitura de Porto Velho começam na próxima semana e poderão definir melhor a situação dos postulantes. Ao meio de uma guerra de pesquisas com resultados dispares, um lado levando em conta da possibilidade de uma vitória em primeiro turno da candidata Mariana Carvalho e de outro um pleito em dois turnos, os debates vão servir para nortear a escolha do eleitorado da capital, estimado em 360 mil eleitores. Lembrando que a incidência de indecisos é de quase 60 por cento e a projeção de abstenção de até 30 por cento. Isto pode resultar em reviravoltas de última hora.
Via Direta
*** O ex-prefeito de Porto Velho Roberto Sobrinho está apoiando a candidatura de Célio Lopes (PDT). Inocentado de várias acusações, ele deve voltar a disputar cargos eletivos em 2026 *** Quem ainda não se pronunciou a respeito das eleições de outubro foi o ex-prefeito da capital Jose Guedes (PSDB) *** Aguarda-se também algum pronunciamento oficial do atual deputado federal Fernando Máximo (União Brasil) que era favorito para a peleja local *** Impressiona a gangorra das pesquisas em São Paulo, se alternando na liderança o prefeito Nunes, o coach Marçal e o esquerdista Boulos. Por aqui os institutos também tem apresentado resultados dispares.
Carlos Sperança