Rasgando dinheiro
A plataforma Jornada Amazônia definiu o conceito de "capacidade amazônica" como o potencial de riqueza da floresta que pode ser alcançado por "um modelo de desenvolvimento que une prosperidade econômica com sustentabilidade e uma perspectiva estratégica sobre a floresta, tanto como provedora de recursos como por sua essencial contribuição para o clima".
A pergunta-chave, nesse caso, é: como participar da concretização desse potencial para ganhar muito mais com a mesma capacidade de investimento? A resposta-chave pode estar na estimativa do Banco Mundial, segundo a qual a preservação da floresta amazônica em pé tem valor equivalente a R$ 1,5 trilhão por ano - cerca de sete vezes o lucro obtido pelas atuais formas de exploração do bioma. Quando se reflete a respeito do quanto as amazônicas estão deixando de ganhar por exploração inadequada e menos rentável dos recursos maravilhosos da floresta parece inacreditável que os estados da região estejam entre os mais pobres do país, alternando-se com os do Nordeste.
Há pouco, o governador paraense Helder Barbalho, premiado com o susto de um pouso de emergência forçado pela fumaça, lamentou que a biodiversidade do país seja tão rica e contraste com baixos índices de desenvolvimento humano. Não explorar adequadamente o potencial disponível equivale a rasgar dinheiro e passar fome com a despensa cheia. É queimar o futuro.
Mais bordoadas
Algumas surpresas no debate da SIC TV, afiliada da Record no último sábado à noite. A primeira delas foi a presença da candidata Mariana Carvalho (União Brasil) que era alvo da desconfiança dos demais candidatos de que não compareceria ao confronto. Já era taxada injustamente de fujona. A segunda coisa estranha é que ela não foi fustigada pelos candidatos oposicionistas - exceto Euma Tourinho - o que sugere que compareceu ao debate com escuderia. Por último, quem mais recebeu bordoadas foi a ex-juíza Euma Tourinho (MDB), o que indica que é quem está causando mais preocupação aos concorrentes. Perigo à vista...
Rumos inalterados
Não ocorreu algum fato novo importante, de relevância capaz de alterar os rumos da eleição na capital no debate da SIC. Estranhos estes oposicionistas, pois também Leo Moraes - com boa atuação - foi pouco citado. Estrategicamente, pela busca de vagas no segundo turno Mariana e ele seriam os alvos de bombardeio dos candidatos restantes. Não foram. Surpresa mesmo foi o candidato Célio Lopes, firme nos confrontos com Samuel Costa e Euma Tourinho. Baita performance.
Como lidar
A poucos dias das eleições, com uma verdadeira legião de indecisos e a previsão de elevada abstenção, os candidatos a prefeito em Porto Velho buscam como lidar com esta situação. Mesmo porque estes elevados percentuais podem virar a eleição de cabeça para baixo em 6 de outubro. Dependendo do efeito manada os candidatos mais cotados para o segundo turno podem cair do cavalo. Os institutos de pesquisas sabem prospectar o momento da eleição, mas jamais em condições de prever como vai se comportar o efeito manada que tem decidido eleições de última hora na capital rondoniense.
Estamos fritos
Não existem perspectivas, exceto nos finais de ano, de melhoras na situação de Porto Velho e Rondônia com relação a normalização do fluxo aéreo. Mesmo porque a empresa Azul, aquela recordista de processos de passageiros por infrações, está numa situação difícil, esticando o bico, com as contas atrasadas. Está em dificuldades. Porto Velho vivencia um caos aéreo, para viajar a Cuiabá ou Manaus antes tem que ir antes a Brasília. Em vista das tarifas elevadas, muitos passageiros buscam socorro em Rio Branco e até em Cuiabá para viajar ao Sul do País com tarifas mais módicas. É coisa de louco!
Circuito amazônico
Nos últimos dias o ex-presidente Jair Bolsonaro cumpriu roteiro de visitações aos estados de Rondônia, Acre e Amazonas em apoio aos seus candidatos. Em Porto Velho, participando da campanha de Mariana Carvalho (União Brasil) em Rio Branco (lá foi Michele) apoiando Tião Bocalon e em Manaus onde desembarcou no sábado, com o capitão Alberto Neto. Em Rondônia o ápice da presença do ex-presidente foi em Porto Velho, num grande comício realizado no Espaço Alternativo, com a presença de inúmeras caravanas do interior do estado. A ex-primeira dama Michele simpática e atenciosa, Bolsonaro um tanto quanto observador, esperava um público bem maior.
Menor influência
A grande verdade é que a influência bolsonarista na eleição em Porto Velho só será medida no próprio pleito no próximo domingo. A capital é menos conservadora que o interior. Lembro que candidatos bolsonaristas disputando a prefeitura de Porto Velho chegaram a ficar na rabeira, como foi o caso de Eyder Brasil, o mais fanático de todos, no auge do Bolsonarismo. Existem pesquisas nacionais apontando que as eleições municipais refletem mais os interesses paroquiais, com pouca influência das lideranças nacionais como Lula (muito menos) e Bolsonaro.
Carlos Sperança