Cortar excessos
Aproveitando a tentativa do ex-ajudante de ordens do presidente Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, de esconder detalhes do golpe contra as eleições de 2022, que previa assassinatos, pescadores de águas turvas tentaram pôr abaixo o esforço do Ministério da Fazenda e do Ministério da Defesa para chegar ao pacote dos cortes de gastos da União.
Se as autoridades militares fossem dar ouvidos às tramoias de quem tenta dividir as Forças Armadas o país nunca teria sossego. Ladrões, conspiradores e assassinos são assuntos para a Justiça. Essa lição foi aprendida há um século, na Revolução Paulista, quando rebeldes racharam o Exército e depois de uma longa sequência de golpes o país foi passado a limpo em 1988, com a Constituição Cidadã. Com a nova Carta Magna, o Brasil passou a ser respeitado em todo o mundo, pois contém remédios contra o golpismo por conta dos três poderes fortes e independentes.
Os cortes para acertar as contas nacionais foi profundo e afetou todos os setores, inclusive dando fim a privilégios de longa data. O problema a resolver é o que acontece com os setores já com os recursos no osso. No caso da Amazônia, nunca houve fartura nem excesso de recursos para nada. Se cortar mais, acaba mutilando. No país em que o atraso é geral, cortes de recursos sempre motivam gritas e ruídos, mas as instituições precisam superar todos os obstáculos para se manter intactas.
Melhores 2024
Como todo final de ano, aponto os melhores na política rondoniense, sem picaretagens e sem justificativas furadas. É minha opinião pessoal. Portanto, melhor vereador em Porto Velho (do interior não acompanhei) cravo meu voto em Alex Palitot, que não se reelegeu. Melhor prefeito Hildon Chaves (Porto Velho) com menção honrosa a Adailton Fúria (Cacoal). Melhor deputado (a) estadual fico com Claudia de Jesus (PT-Ji-Paraná). Deputado federal mais produtivo (ruim de escolher nesta bancada medíocre...), alinho minha indicação ao coordenador da bancada, Mauricio Carvalho (UB). Melhor senador disparado, Confúcio Moura (PMDB), aliás um destaque nacional rondoniense na política, mas rejeitado em Rondônia e taxado de comunista pelos bolsonaristas por ser defensor das reservas florestais, parques nacionais e invasores em geral.
Punhal da traição
A maior punhalada política rondoniense no ano foi para a ex-deputada federal Mariana Carvalho (União Brasil). Com uma aliança enorme para administrar, mesmo com a excepcional vitória no primeiro turno, na capital, a chapa branca sucumbiu no segundo turno, traída miseravelmente desde pelo governador, ao vice-governador, até ao vereador. Uma aliança poderosa que repetiu o insucesso da grande coligação Rondônia com Fé, pilotada pelo falecido Chiquilito nos anos 90, favorita no papel, que que desmoronou no segundo turno, redundando numa grande vitória de Valdir Raupp. Igualmente naquele acordo, rivalidades tribais na ocasião e punhais da traição levaram o agrupamento favorito ao despenhadeiro.
A perplexidade
Mantenho até hoje minha perplexidade quanto ao fato do prefeito Hildon Chaves e a candidata chapa branca Mariana Carvalho não terem se manifestado sobre a traição dos palacianos. Até os tambaquis do Rio Madeira sabiam que no segundo turno (no primeiro não teve infidelidade) o governador e o seu vice-governador e mais um bando de políticos tinham pulado fora da nau dos Carvalhos. Hildão e Mariana, neste caso foram bons cabritos. Foram atraiçoados e não reclamaram.
Os emergentes
Também indico as lideranças emergentes no estado, propensos a escaladas na política estadual nos próximos anos. Desde o atual prefeito de Jaru Joãozinho Gonçalves, aos prefeitos eleitos em Ji-Paraná, Afonso Cândido, de Cacoal Adailton Fúria. Todos em condições de aspirar melhores dias no contexto regional. Também tivemos municípios entrando em mais uma fria e fadados a desgraceira como é o caso de Candeias, com Lindomar Garçon, reconhecidamente mentiroso e demagogo, mas um baita bico doce para iludir o eleitorado na cidade satélite.
A velha guarda
Da velha guarda dos políticos rondonienses, setentões e oitentões, a maioria em decadência com seguidas derrotas ou enfermidades, casos de Melki Donadon (Vilhena), Ernandes Amorim (Ariquemes), este segundo ainda forte como um touro, poucos ainda permanecem ativos na política. Um caso relevante neste contexto é do ex-ministro da Previdência, o ex-senador Amir Lando que deverá disputar uma cadeira a Câmara dos Deputados. Foi destaque nacional em seus mandatos, um grande tribuno no Congresso Nacional e merece uma nova oportunidade de representar nosso estado.
Poder evangélico
Não é à toa que o presidente Luís Inácio Lula da Silva anuncia a ampliação do espaço em seu ministério para os políticos evangélicos. Em estados como o Rio de Janeiro, Rondônia e Espirito Santo, são eleitorados decisivos e pendem para os candidatos conservadores. Na própria eleição ocorrida em Porto Velho, o rebanho evangélico optou e foi decisivo na eleição de Leo Moraes. O que se viu, é que a maioria dos políticos evangélicos no segundo turno se posicionaram com Leo Moraes. Assim que viram a barcaça chapa branca afundar, pularam fora.
Via Direta
*** Final de ano e os presos querem passar as festividades de Natal e Ano Novo fora dos cadeiões. Como nem todos são beneficiados com a chamada saidinha, já começaram a temporada de fugas Rondônia afora. Todo cuidado é pouco, caros aldeões. O final de ano enseja novos lançamentos imobiliários em Porto Velho. E tem para todos os gostos. Mas os preços estão assustando e a CEF restringindo a liberação de recursos.
Carlos Sperança