A situação alarmante que Rondônia enfrenta devido às queimadas atingiu um novo patamar de gravidade. Pelo sétimo dia consecutivo, aviões não conseguiram pousar ou decolar do estado, paralisando o tráfego aéreo e isolando a região do resto do país. Em apenas um mês, mais de 40 voos foram afetados pela densa cortina de fumaça que encobre os céus rondonienses, com a capital Porto Velho sendo a mais impactada.
Este cenário caótico evidencia a crise ambiental que assola a Amazônia, e expõe também as severas consequências econômicas e sociais para Rondônia e sua população. O fechamento do espaço aéreo por uma semana consecutiva representa um golpe sem precedentes na economia local, afetando diversos setores e comprometendo o desenvolvimento da região.
O turismo, uma importante fonte de renda para o estado, sofre um impacto devastador. Visitantes cancelam suas viagens, hotéis registram quedas drásticas nas ocupações, e atrações turísticas permanecem vazias. Pequenos empresários e trabalhadores do setor de hotelaria enfrentam perdas significativas, com muitos correndo o risco de fechar as portas permanentemente. O comércio local também sente o peso da crise. Com a impossibilidade de receber mercadorias via aérea, os estoques de produtos essenciais começam a escassear, elevando os preços e prejudicando consumidores e comerciantes. Empresas que dependem de insumos vindos de outras regiões do país veem sua produção comprometida, gerando uma reação em cadeia que afeta toda a economia estadual.
O setor de saúde enfrenta desafios críticos. Pacientes que necessitam de tratamentos especializados fora do estado ficam impossibilitados de viajar, podendo ter suas condições agravadas. Medicamentos e equipamentos médicos urgentes não chegam, colocando vidas em risco e sobrecarregando ainda mais o sistema de saúde local. Além disso, o isolamento aéreo prejudica a vinda de profissionais qualificados, investidores e pesquisadores, essenciais para o desenvolvimento tecnológico e científico de Rondônia. Projetos de cooperação interestadual e internacional são adiados ou cancelados, retardando o progresso em áreas cruciais como educação, pesquisa e inovação.
A imagem de Rondônia também sofre danos consideráveis. As notícias sobre a paralisia aérea e as queimadas desenfreadas afastam potenciais investidores e mancham a reputação do estado, dificultando futuros esforços de atração de capital e desenvolvimento econômico. As autoridades estaduais e federais precisam tomar medidas urgentes e efetivas para combater as queimadas e mitigar seus impactos.
Investimentos em tecnologias de monitoramento e combate ao fogo, fortalecimento dos órgãos de fiscalização ambiental, e implementação de políticas de desenvolvimento sustentável são passos essenciais. Ademais, é importante desenvolver um plano de contingência para situações similares no futuro, incluindo a melhoria da infraestrutura de transporte terrestre e fluvial, para reduzir a dependência do modal aéreo em momentos de crise.
A sociedade civil também tem um papel fundamental nesse processo. A conscientização sobre os impactos das queimadas e a pressão por políticas públicas eficazes são vitais para reverter esse quadro alarmante. Rondônia está diante de um momento decisivo. A crise atual expõe vulnerabilidades críticas e demanda uma reflexão profunda sobre o modelo de desenvolvimento adotado. É hora de repensar práticas, priorizar a sustentabilidade e construir um futuro onde o progresso econômico não se faça às custas da destruição ambiental e do bem-estar da população.
Diário da Amazônia