Porto Velho (RO)21 de Novembro de 202409:29:42
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Unidades de conservação em perigo: o custo da ação tardia

Confira o editorial


A Operação Temporã, lançada para combater incêndios no Parque Estadual Guajará-Mirim e responsabilizar criminosos, representa um esforço louvável, mas como tantas outras ações, uma medida tardia no enfrentamento de uma problemática recorrente e previsível. A expansão da operação para a Estação Ecológica Soldado da Borracha revela ainda a amplitude do desafio e a sofisticação das organizações criminosas que ameaçam as áreas protegidas do estado.

A derrubada intencional de árvores para bloquear estradas e a presença confirmada de grupos criminosos organizados demonstram a urgência de uma abordagem mais proativa e abrangente. Não podemos continuar reagindo aos danos já causados; precisamos nos antecipar às ações dos criminosos, que seguem um padrão reconhecível de destruição ambiental e grilagem de terras públicas.

É importante ressaltar que a redução dos limites do parque pode ter inadvertidamente contribuído para a intensificação de atos criminosos como os incêndios ilegais. Ao diminuir a área protegida, criou-se oportunidades para a expansão de atividades ilegais, colocando em risco ecossistemas vitais e comprometendo a integridade de nossas unidades de conservação.

A situação exige uma mudança de paradigma na proteção ambiental. Precisamos investir em tecnologias de monitoramento avançadas, como satélites e drones, para detectar atividades suspeitas antes que se transformem em desastres ecológicos. A inteligência preventiva deve ser priorizada, mapeando as rotas e métodos utilizados pelos criminosos e antecipando suas ações.

Além disso, é fundamental fortalecer a presença do Estado nessas regiões, não apenas com operações pontuais, mas com uma estrutura permanente de fiscalização e proteção. Isso inclui a ampliação do efetivo de agentes ambientais, a melhoria da infraestrutura de combate a incêndios e o estabelecimento de parcerias com comunidades locais para criar uma rede de vigilância colaborativa.

A educação ambiental e o desenvolvimento sustentável das comunidades do entorno das áreas protegidas também são peças-chave nesse quebra-cabeça. Ao oferecer alternativas econômicas viáveis e conscientizar sobre a importância da preservação, podemos criar aliados na luta contra o crime ambiental.

É também imprescindível que a Justiça atue com rigor, aplicando punições exemplares aos responsáveis por esses crimes. A impunidade apenas encoraja a continuidade dessas práticas nefastas.

A Amazônia, esse tesouro da biodiversidade, não pode continuar refém de criminosos que a veem apenas como fonte de lucro ilícito. É hora de uma ação coordenada, preventiva e contundente para proteger nosso patrimônio natural e garantir um futuro sustentável para as gerações vindouras.

Diário da Amazônia

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