Trama golpista: ex-presidente Bolsonaro é interrogado no STF
Hugo Barreto/Metrópoles
Após os interrogatórios do ex-comandante da Marinha almirante Almir Garnier, do ex-ministro Anderson Torres e do general Augusto Heleno, na manhã desta terça-feira (10/6), a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) começou a interrogar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta tarde. O político está sendo interrogado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Ele é ouvido na ação que investiga uma suposta trama golpista para mantê-lo no poder após o resultado das eleições de 2022, vencidas por Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O ex-presidente Bolsonaro começou a ser ouvido por volta das 14h30 negando, para Alexandre de Moraes, que as acusações contra ele sejam verdadeiras.
Moraes começa o interrogatório questionando o movimento descrédito às urnas e da reunião ministerial que tratou do tema, em julho de 2022.
Bolsonaro é um dos oito réus investigados por supostamente tramarem um golpe de Estado no Brasil. Ele pertence ao núcleo 1, também chamado de núcleo crucial do caso, conforme denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
Os réus respondem pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.
O interrogatório é uma das últimas fases da ação penal. A expectativa é de que o julgamento que vai decidir pela condenação ou absolvição do ex-presidente e dos demais réus ocorra no segundo semestre deste ano. Em caso de condenação, as penas passam de 30 anos de prisão.
Interrogatório no STF
Os interrogatórios começaram na segunda (9/6) e vão até sexta-feira (13/6).
Todos os réus precisam estar presentes na Primeira Turma do STF para responderem às perguntas da Procuradoria-Geral da República (PGR) e dos ministros da turma. Mesmo os que já prestaram esclarecimentos, como Mauro Cid e Alexandre Ramagem, devem estar presentes durante o restante das audiências.
Único que não participará presencialmente é o general Walter Souza Braga Netto, que segue preso no Rio de Janeiro e, por isso, prestará depoimento por videoconferência.
Tenente-coronel e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid foi o primeiro a ser interrogado, por ser o delator do caso.
Nessa segunda-feira (9/6), foram ouvidos o tenente-coronel Mauro Cid e o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem - atualmente deputado federal.
Depoimentos desta terça
Já a sessão desta terça começou às 9h. Os trabalhos foram retomados com o depoimento do ex-comandante da Marinha almirante Almir Garnier Santos, que negou ao ministro Alexandre de Moraes ter visto a minuta de golpe de Estado.
Anderson Torres, segundo réu ouvido pela Corte, afirmou que não há nada "que aponte fraude" nas urnas eletrônicas. Ainda na fala, o ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal afirmou que ficou "desesperado" com os atos de 8 de Janeiro e que houve uma falha grave na execução do planejamento de segurança para aquele fim de semana.
O general Augusto Heleno pediu para exercer o direito de ficar calado diante das perguntas do ministro Alexandre de Moraes. Heleno só começou a falar para responder as perguntas do advogado.
"É importante que o presidente Bolsonaro colocou que ia jogar dentro das quatro linhas (da Constituição), e eu segui isso aí religiosamente durante todo o tempo em que estive na Presidência", afirmou. "Nunca levei assuntos políticos, tinha de 800 a 1 mil funcionários no GSI. Nunca conversei com eles assuntos políticos."
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