Porto Velho (RO)17 de Junho de 202512:31:52
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Cápsula do tempo revela importância de preservar a memória coletiva

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Foto: Reprodução

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O gesto de depositar cartas, desenhos, jornais e pequenos objetos em uma cápsula do tempo é uma expressão simbólica do compromisso de uma comunidade com sua própria história e identidade. Quando, há mais de três décadas, estudantes, educadores e representantes da sociedade de uma cidade do interior de Rondônia decidiram registrar aspectos de seu cotidiano e expectativas e guardar esses registros para o futuro, não se tratava apenas de um exercício de memória. Era, sobretudo, um ato de confiança no valor do tempo e na força da coletividade.

A abertura de uma cápsula após 31 anos, em uma cerimônia pública, em Ji-Paraná, trouxe à tona fragmentos da vida de uma geração. Cartas de crianças, que hoje são adultos, refletem sonhos, preocupações e uma visão de mundo marcada por sua época. Revistas e jornais da década de 1990, por sua vez, transportam leitores para um contexto social, político e cultural muito distinto do presente.

O reencontro com esses documentos evidencia o quanto a memória coletiva é dinâmica e como a história local pode ser revisitada a partir de iniciativas aparentemente simples, mas de grande significado. A decisão de transformar o conteúdo encontrado em acervo permanente, com a catalogação dos materiais e a previsão de publicação de um livro, representa uma valorização do patrimônio imaterial da cidade.

Trata-se de reconhecer que a história não se resume a grandes feitos ou eventos nacionais, mas se constrói também no dia a dia de comunidades que buscam preservar suas vivências. O envolvimento de instituições de ensino superior no processo de organização e análise do material garante rigor e amplia o acesso ao conhecimento gerado.

A experiência da cápsula do tempo de Ji-Paraná, longe de ser apenas um episódio nostálgico, revela-se como oportunidade para reflexão sobre a importância de preservar memórias. Em tempos de mudanças aceleradas, ações que promovem o resgate do passado podem fortalecer o sentimento de pertencimento e inspirar novas gerações a documentar seus próprios tempos. O passado, quando recuperado com cuidado e respeito, torna-se ferramenta para compreensão do presente e planejamento do futuro.

A iniciativa, ao unir diferentes gerações em torno de uma história, reforça a ideia de que o patrimônio cultural de uma comunidade é construído coletivamente e deve ser acessível a todos. É na simplicidade dos registros pessoais e na sinceridade dos relatos que se encontra a riqueza da memória social. O gesto de abrir a cápsula do tempo e compartilhar seu conteúdo é um convite permanente ao diálogo entre o ontem, o hoje e o amanhã.









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