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O cinquentenário do Porto de Porto Velho representa um marco importante não apenas para Rondônia, mas para toda a Região Norte. Em meio século de operação, o terminal portuário consolidou-se como um eixo fundamental da logística amazônica, tendo papel determinante no escoamento da produção regional e na integração do Brasil com outros mercados, sobretudo os latino-americanos. Celebrar essa trajetória é reconhecer avanços significativos, mas também é momento oportuno para refletir sobre os desafios que se impõem diante de um cenário logístico cada vez mais exigente.
Desde sua fundação, em 1975, o porto passou por profundas transformações. Inicialmente concebido como instalação militar, evoluiu para um terminal de múltiplas operações, com crescente protagonismo no agronegócio e na cadeia exportadora nacional. A delegação de sua gestão ao Governo de Rondônia, em 1997, permitiu maior autonomia administrativa e impulsionou investimentos em infraestrutura e modernização, tornando possível a atração de operadores privados e consolidando o terminal como um dos mais eficientes da região.
Os números refletem esse avanço. Em 2023, houve um crescimento notável de 10% na movimentação de cargas, resultado do esforço de expansão e da busca por diversificação operacional. Estruturas como área alfandegada, terminal graneleiro, rampas para balsas e cais flutuante com operação ininterrupta demonstram a capacidade de adaptação do porto às demandas do mercado. Reconhecimentos nacionais, como prêmios de avanço logístico e conformidade regulatória, atestam a eficiência e a governança da gestão atual.
Entretanto, a busca por excelência e competitividade é permanente. O futuro do Porto de Porto Velho depende, sobretudo, da capacidade de se reinventar diante dos desafios impostos pelas mudanças no cenário logístico internacional. A diversificação de cargas, incluindo operações-piloto de pescado e a perspectiva de movimentação de minérios e produtos de maior valor agregado, revela um caminho promissor, mas também exige investimentos contínuos em tecnologia, sustentabilidade ambiental e integração com outros modais de transporte.
O terminal está inserido em um contexto estratégico, com potencial para se tornar um centro logístico entre o Brasil, a América Andina e o mercado asiático, especialmente por sua posição geográfica, conectando os rios Madeira, Amazonas e Solimões e acessando rotas internacionais pelo Arco Norte. Para tanto, é imprescindível fortalecer a integração com rodovias, ferrovias e o aeroporto internacional, além de garantir a atratividade para novos operadores privados.
É necessário ponderar, ainda, sobre os impactos ambientais e sociais da expansão portuária. O desenvolvimento econômico deve caminhar lado a lado com a preservação dos recursos naturais da Amazônia e com o respeito às comunidades locais. A sustentabilidade precisa ser norteadora das próximas décadas, sob risco de comprometer o próprio futuro do terminal.
Diário da Amazônia