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O Brasil atingiu sua pior posição no Índice de Percepção da Corrupção (IPC) desde 2012, caindo para o 107º lugar entre 180 países avaliados em 2024. Com uma nota de 34 em uma escala que vai de zero (altamente corrupto) a 100 (muito íntegro), o país registrou queda de três posições em relação ao ano anterior e acumula um recuo de 38 colocações na última década.
Elaborado anualmente pela Transparência Internacional, o IPC é um dos principais indicadores globais sobre corrupção no setor público. O ranking é baseado em dados de diversas fontes, incluindo a percepção de acadêmicos, juristas, empresários e especialistas. Em 2012, o Brasil alcançou sua melhor nota (43 pontos), mas desde então vem apresentando queda contínua, com marcas de 38 em 2022, 36 em 2023 e agora 34 em 2024.
A organização destacou dez pontos críticos que contribuíram para a piora do Brasil no índice. Entre eles, estão o "silêncio reiterado" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a pauta anticorrupção, a repactuação dos acordos de leniência com empresas envolvidas na Operação Lava Jato, o "agigantamento" das emendas parlamentares, a aprovação da PEC da Anistia (conhecida como Refis dos partidos políticos), a falta de transparência do Novo PAC e a percepção de "crescente ingerência política na Petrobras".
Na América Latina, o Brasil está atrás de Uruguai, Chile e Costa Rica, que lideram a região em integridade. A Argentina, com 37 pontos, aparece próxima ao Brasil, enquanto Peru, Equador e Bolívia têm desempenho pior. Globalmente, os países melhor posicionados são Dinamarca (90 pontos), Finlândia (88) e Cingapura (84). Já os piores colocados são Sudão do Sul (8 pontos), Somália (9) e Venezuela (10).
Em resposta à divulgação do relatório em 2023, a Controladoria-Geral da União (CGU) afirmou que a queda do Brasil no ranking deve ser interpretada com "cautela", destacando as "limitações metodológicas de índices baseados em percepção". A CGU também ressaltou que organismos internacionais, como ONU, G20 e OCDE, discutem a criação de novas métricas para medir a corrupção, um fenômeno considerado complexo e multifacetado.
A Controladoria ainda afirmou que trabalha diariamente para identificar e corrigir riscos de corrupção em políticas públicas, contratações e outras ações do Estado. No entanto, os dados da Transparência Internacional reforçam o desafio do país em reverter a tendência de queda e melhorar sua imagem no cenário global.
Diário da Amazônia