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Preso desde 2018, Adélio Bispo recusa tratamento e vive em isolamento

Adélio está custodiado na Penitenciária Federal de Campo Grande (MS), onde deverá ficar até completar 60 anos, em 2038 Fonte: D24am. Leia mais em ht


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Adélio foi considerado inimputável pela Justiça devido a um diagnóstico de transtorno delirante persistente. Isso significa que, juridicamente, ele não pode ser responsabilizado penalmente pelo crime, tendo sido absolvido das acusações criminais. Ainda assim, permanece internado em regime de segurança máxima, em razão da periculosidade avaliada por laudos psiquiátricos.

Inicialmente, sua permanência era por tempo indeterminado, mas uma decisão judicial recente definiu um limite de 20 anos para o período de internação, como prevê a legislação para casos de medida de segurança.

Apesar de ter passado mais de cinco anos preso, nenhum tempo foi oficialmente contabilizado como pena cumprida no Sistema Eletrônico de Execução Unificado (SEEU). A informação consta em relatório anexado ao processo, revelando falhas e inconsistências no registro da execução penal.

A rotina de Adélio dentro da penitenciária revela um quadro de isolamento extremo e deterioração mental. Ocupando uma cela de 6 metros quadrados, ele recusa banhos de sol, evita contato com outros detentos e rejeita o uso de medicamentos prescritos. Segundo agentes ouvidos pelo Metrópoles, ele justifica sua recusa dizendo: "Não sou doido".

Desde que foi preso, não recebe visitas da família há mais de um ano, nunca leu um livro e não consegue manter conversas com outros internos. Os relatos apontam para um agravamento em seu estado psicológico ao longo dos anos.

Embora seja considerado um preso de alta periculosidade, não há planos para sua transferência. A unidade de Campo Grande é a mais preparada dentro do sistema federal para lidar com detentos com transtornos mentais — ainda que reconhecidamente careça de uma estrutura adequada para tratamentos psiquiátricos complexos.

Os laudos sobre sua saúde mental seguem sob sigilo absoluto por ordem da Justiça Federal. Apenas os defensores públicos que acompanham o caso têm acesso ao conteúdo. Nem mesmo a Polícia Federal conseguiu autorização para consultar os documentos.


Durante o governo Bolsonaro, um episódio chamou a atenção: a delegacia da PF em Cascavel (PR) solicitou acesso ao laudo psiquiátrico de Adélio em outubro de 2022, um dia após o primeiro turno das eleições. O pedido foi negado pela Justiça, que considerou a justificativa vaga e sem base legal, já que não havia inquérito em andamento sobre o caso. O delegado responsável foi intimado a explicar o motivo da solicitação, mas nunca respondeu à intimação.


Enquanto isso, o caso Adélio permanece envolto em mistérios, lacunas processuais e sigilos judiciais, alimentando teorias e disputas políticas, ao mesmo tempo em que o protagonista do episódio vive recluso em completo silêncio e isolamento.


Fonte: D24am. Leia mais em https://d24am.com/brasil/preso-desde-2018-adelio-bispo-recusa-tratamento-e-vive-em-isolamento/

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