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A 58ª edição do Festival Folclórico de Parintins teve início nesta sexta-feira (27), com o Bumbódromo lotado e espetáculos grandiosos dos bois-bumbás Garantido e Caprichoso. A tradicional disputa, que movimenta a Ilha Tupinambarana no último fim de semana de junho, segue até domingo (29) e deve atrair cerca de 120 mil pessoas à cidade neste ano.
Na primeira noite do festival, o Boi Garantido foi o responsável por abrir a arena, levando uma apresentação centrada na valorização dos povos originários e da diversidade cultural amazônica. Já o Boi Caprichoso encerrou a noite com um espetáculo que destacou a retomada das raízes ancestrais, em defesa das culturas populares e dos direitos indígenas.
Garantido abre com força simbólica e estreia de novos talentos
Representando a nação vermelha, o Boi Garantido fez sua entrada sob uma serpente gigante, marcando o item de evolução. Israel Paulain comandou a tradicional contagem da galera encarnada, elevando a energia da arena nos primeiros minutos do espetáculo.
A apresentação contou com a estreia de Jeveny Mendonça como porta-estandarte, defendendo o pavilhão do boi com elegância. Outro momento de destaque foi a performance de Isabelle Nogueira, ex-BBB e cunhã-poranga do boi, que surgiu caracterizada como uma onça em alusão à lenda indígena Tapyra’yawara, presente nas cosmologias de diversos povos amazônicos.
O Garantido também prestou homenagem à advogada Eunice Paiva, viúva do ex-deputado Rubens Paiva, morto durante a ditadura militar, em um momento de forte apelo político e histórico.
Caprichoso exalta espiritualidade e clama por demarcação de terras
Fechando a primeira noite, o Boi Caprichoso surgiu do alto, acompanhado pelo apresentador Edmundo Oram e pelo levantador de toadas Patrick Araújo, em uma entrada aérea impactante. Como de costume, Patrick se apresentou descalço, em sinal de respeito à arena.
A noite também marcou a estreia de Caetano Medeiros como amo do boi figura que representa o dono do animal no auto do boi. A cunhã-poranga Marciele Albuquerque protagonizou um dos pontos altos da apresentação ao surgir em uma alegoria de mais de 30 metros, representando um gavião, e evoluir ao lado do pajé Erik Beltrão em uma cena repleta de espiritualidade.
O boi azul fez um forte apelo pela demarcação da Terra Indígena Tupinambá, com a participação de representantes dos povos originários e a exibição simbólica do "Manto Tupinambá do Século 21".
Expectativa para a segunda noite
Neste sábado (28), Caprichoso abre as apresentações com um enredo que promete abordar a dor da escravidão, o apagamento cultural e a luta dos corpos pretos por reconhecimento histórico. Na sequência, o Boi Garantido encerra a noite exaltando suas origens populares, com foco na cultura de pescadores, rezadeiras e trabalhadores simples.
Talissia Maressa - Portal SGC