Porto Velho (RO)18 de Setembro de 202516:46:40
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Amazonas

Papa Leão XIV diz que manterá políticas de Francisco na Igreja Católica

Em primeira entrevista divulgada, pontífice falou sobre acolher católicos e discutir ordenação de mulheres


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O papa Leão XIV disse em sua primeira entrevista divulgada nesta quinta-feira (18) que manterá as políticas características do falecido papa Francisco. Isso inclui acolher católicos da comunidade LGBT, discutir a ordenação de mulheres e dar sugestões à China sobre nomeações de bispos.

O pontífice também falou que não planeja grandes mudanças nos ensinamentos da Igreja Católica.

Leão XIV, que se tornou o primeiro papa dos Estados Unidos em maio, também expressou preocupação com o ambiente político nos EUA e a situação humanitária em Gaza.

Demonstrando a reserva característica do antecessor, o pontífice evitou criticar diretamente o presidente americano Donald Trump ou dizer que Israel cometeu genocídio.

A entrevista foi realizada no final de julho para uma biografia publicada pela editora Penguin Peru. Os trechos iniciais foram publicados no último domingo (14).

"Não pretendo me envolver em política partidária", disse o papa Leão XIV, que foi criado em Chicago. "Há questões significativas que podem ser levantadas, mas seria impossível para o papa se envolver em países individuais ao redor do mundo."

Ele também repetiu a firme condenação de Francisco aos escândalos de abuso sexual que afligem a Igreja de 1,4 bilhão de fiéis em todo o mundo, mas também expressou preocupação com as falsas alegações contra padres.

Papa Leão XIV se preocupa com Gaza

Leão XIV, de 70 anos, demonstrou um estilo mais reservado do que seu antecessor, que frequentemente dava entrevistas, falava francamente sobre os eventos mundiais e criticava duramente tanto Trump quanto Israel.

Francisco, que liderou a Igreja por 12 anos, sugeriu no final de 2024 que Israel poderia estar cometendo genocídio em Gaza, provocando uma reação negativa dos líderes israelenses.

Na entrevista, o atual pontífice disse ter uma "grande preocupação" com a situação em Gaza. "A palavra genocídio está sendo usada cada vez mais", declarou ele. "A Santa Sé não acredita que possamos fazer qualquer declaração neste momento sobre isso."

O papa Leão XIV também falou que ainda não havia conversado com Trump, mas indicou que havia levantado preocupações sobre a repressão do governo aos migrantes quando se encontrou com o vice-presidente dos EUA, JD Vance, em maio.

"Falei sobre dignidade humana e como isso é importante para todas as pessoas, onde quer que você tenha nascido", afirmou Leão XIV sobre o encontro.

"Obviamente, há algumas coisas acontecendo nos Estados Unidos que são preocupantes", acrescentou. "Continuamos buscando maneiras de, pelo menos, responder e levantar algumas das questões que precisam ser levantadas."

Feitos do papa Francisco

O papa Francisco aprovou um acordo histórico com a China em 2018, que dá às autoridades governamentais alguma influência nas nomeações papais no país.

Alguns católicos conservadores criticaram o acordo por dar muita influência a Pequim, mas autoridades do Vaticano enfatizam que o papa mantém o poder de decisão final.

"A longo prazo, não pretendo dizer que isso é o que farei ou não farei", falou Leão XIV sobre o acordo. "A curto prazo, darei continuidade à política que a Santa Sé vem seguindo há alguns anos", disse.

Sobre os escândalos de abuso, que prejudicaram a posição da Igreja como voz moral, o pontífice afirmou que as vítimas "devem ser tratadas com grande respeito e com a compreensão de que aqueles que sofreram... carregam essas feridas por toda a vida".

Ele também expressou preocupação com as falsas alegações.

"As estatísticas mostram que bem mais de 90% das pessoas que se apresentam e fazem acusações são autenticamente vítimas", declarou ele. "Mas também houve casos comprovados de algum tipo de acusação falsa."

Francisco tentou, em grande parte, abrir a Igreja pacata ao mundo moderno, atraindo críticas de católicos conservadores, até mesmo de alguns cardeais, que temiam que ele estivesse diluindo os ensinamentos rigorosos da Igreja.

Ele emitiu um decreto em 2023 permitindo que padres administrassem bênçãos a casais do mesmo sexo, caso a caso.

O antigo líder da Igreja Católica também criou duas comissões para estudar a ordenação de mulheres como diáconos, uma questão que papas anteriores haviam proibido de discutir. A Igreja Católica tem um clero exclusivamente masculino.

Leão XIV disse que manteria a abertura de Francisco tanto em relação à liderança feminina na Igreja quanto aos católicos LGBT, mas não sugeriu novos passos adiante.

Ensinamento da Igreja Católica "continuará como está"

"Espero continuar nos passos de Francisco", disse o papa Leão XIV sobre a iniciativa do falecido pontífice de nomear mais mulheres para altos cargos no Vaticano.

"O tema se torna um assunto delicado quando se faz a pergunta específica sobre ordenação", afirmou ele. "No momento, não tenho intenção de mudar o ensinamento da Igreja sobre o assunto."

O papa deu uma resposta semelhante sobre se a Igreja poderia mudar seu ensinamento para permitir casamentos entre pessoas do mesmo sexo.

"Os indivíduos serão aceitos e acolhidos", declarou Leo, referindo-se aos católicos da comunidade LGBT. "O ensinamento da Igreja continuará como está, e é isso que tenho a dizer sobre isso por enquanto."

O pontífice americano também abordou os problemas financeiros do Vaticano, que incluem um déficit orçamentário de 83 milhões de euros e um déficit de financiamento muito maior em seu fundo de pensão.

Ele disse que o financiamento está melhorando. "Não acho que a crise tenha acabado... mas não estou perdendo o sono por causa disso".





















CNN

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