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Apesar de ter concluído o laudo pericial do corpo de Francisco Wanderley Luiz, a Polícia Federal (PF) ainda aguarda os resultados dos exames toxicológicos para saber se o homem-bomba estava sob efeito de alguma substância, como drogas, quando cometeu o atentado. Francisco foi identificado como o autor do ataque a bomba na Praça dos Três Poderes, em 13 de novembro.
Os resultados dos exames toxicológicos serão produzidos em laudo separado a ser emitido pelo laboratório da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). Mesmo com a pendência, os legistas conseguiram concluir que a morte de Francisco foi causada por ele mesmo ao colocar, na cabeça, um artefato explosivo que carregava.
O homem-bomba morreu por traumatismo cranioencefálico. Segundo o laudo pericial, os exames realizados sustentam que ele, deitado e com a cabeça encostada no chão, teria segurado o artefato explosivo com a mão direita, contra a própria cabeça, em contato com a pele.
A tomografia mostra uma lesão severa no polo encefálico de Francisco, o que confirmou os danos causados pela explosão. Além disso, ele sofreu queimadura na face.
O laudo exclui que ele tenha sido atingido por qualquer projétil de arma de fogo. "Durante o exame, não se constatou nenhum estojo de munição que sugerisse ter havido disparo nem qualquer projétil alojado nas circunjacências da Praça dos Três Poderes", afirma o documento.
Efeito dominó
Francisco Wanderley, conhecido como Tiü França, teria a intenção de provocar "efeito dominó". De acordo com o laudo pericial, Francisco utilizava uma blusa com estampa de dominós no dia do atentado, além do paletó com estampa de naipes de cartas de baralho.
Para os legistas, o homem "não considerava a própria morte como um ato isolado, mas sim dentro de um contexto e conectada a uma série de eventos futuros".
Os legistas concluíram que o homem queria que os atos dele em 13 de novembro fossem "desencadeando uma série de eventos".
"Ou seja, provavelmente, a vítima se enxergava como o pequeno homem na ilustração, cujo papel seria servir como gatilho e, através da própria morte, deflagrar uma reação em cadeia que levaria a um todo maior", diz o documento ao qual a reportagem teve acesso.
O laudo destaca que o paletó de Francisco aponta para uma identificação com o personagem Coringa, arqui-inimigo do Batman. "É inegável que remete, num primeiro momento, ao personagem fictício do Coringa, indicando provavelmente que, de alguma forma, a vítima se identificava com essa figura, seja por quais motivos for."
Atentado ao STF
Segundo o apurado, Francisco usou bombas improvisadas, fabricadas com materiais semelhantes aos usados em fogos de artifício, para o ataque à Praça dos Três Poderes.
O objetivo dele, segundo informações preliminares das investigações, era destruir a estátua da Justiça em frente ao STF, invadir o plenário da Corte e assassinar ministros. O alvo principal era Alexandre de Moraes.
A ação criminosa começou no estacionamento próximo ao Anexo 4 da Câmara dos Deputados, onde Francisco explodiu um carro antes de lançar bombas contra o prédio do STF.
O desfecho do atentado aconteceu quando ele deitou a cabeça sobre um dos explosivos que carregava, no chão em frente à entrada principal do prédio da Corte. O artefato detonou e o matou na hora.
Após a explosão, o corpo de Francisco permaneceu no local durante toda a noite, devido à presença de outros explosivos amarrados ao corpo dele.
Policiais identificaram três dispositivos desse tipo no cinto usado pelo homem-bomba e um quarto explosivo, que seria um extintor de incêndio adaptado para detonar e cheio de gasolina.
O item estava a poucos metros do ponto onde Francisco morreu, e o pino detonador do extintor foi achado dentro da mochila dele.
Homem-bomba
Francisco Wanderley Luiz usava o codinome Tiü França. Nas redes sociais, Francisco escreveu mensagens sugerindo um ataque com bombas contra alvos políticos que ele chama de "comunistas de merda". O corpo de Francisco ficou completamente desfigurado. O lado direito da cabeça e a mão direita do homem parecem ter sido atingidos pela explosão. Restos mortais dele acabaram arremessados a metros do local onde explodiu.
Ele chegou a divulgar prints que mandava a si próprio com várias ameaças. "Vocês poderão comemorar a verdadeira proclamação da República", diz uma das mensagens. No post, ele pontou que o "jogo só acaba 16/11/2024".
Metrópoles