Porto Velho (RO)21 de Janeiro de 202510:08:49
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PLANTÃO DE POLÍCIA

Entre números e realidade: o futuro da segurança pública em Rondônia

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A operação "Aliança pela Vida, Moradia Segura II" apresenta números expressivos em seu primeiro balanço: 1.847 abordagens, 35 mandados de prisão cumpridos, 13 armas apreendidas e oito suspeitos dos atentados detidos. São estatísticas que, à primeira vista, parecem impressionar. No entanto, é preciso ir além dos números e questionar: o que acontecerá quando a Força Nacional deixar Rondônia? Esta não é uma pergunta retórica. É uma preocupação legítima que merece atenção das autoridades e da sociedade. A história nos mostra que operações especiais, por mais bem-sucedidas que sejam, têm caráter temporário. O verdadeiro desafio está em estabelecer estratégias permanentes e eficazes de combate ao crime organizado.

O episódio recente dos ataques incendiários expôs vulnerabilidades no sistema de segurança pública do Estado. As forças policiais foram pegas de surpresa, reagindo a uma situação que já estava em curso, quando o ideal seria ter capacidade de antecipação e prevenção. Esta reatividade é um luxo que não podemos mais nos dar diante do crescente poderio das organizações criminosas no Estado, principalmente em Porto Velho. Outro ponto que merece reflexão é o contraste entre a mobilização vista agora e a resposta dada a crimes contra cidadãos comuns. Quando um trabalhador é assassinado, quando uma família é vítima de violência, raramente vemos uma força-tarefa dessa magnitude. Por que essa disparidade? A vida de um cidadão comum não deveria ter o mesmo peso nas prioridades das forças de segurança?

O momento exige uma reformulação profunda nas estratégias de segurança pública. Não basta reagir a crises; é preciso construir um sistema proativo, com inteligência policial fortalecida, integração permanente entre as forças de segurança e investimento em tecnologia. A cooperação interestadual demonstrada nesta operação deveria ser a regra, não a exceção, como sempre ocorre. O sucesso momentâneo da operação não pode mascarar a necessidade de mudanças estruturais. Precisamos de um plano consistente que prepare as forças de segurança locais para manterem, por conta própria, o controle do território e a proteção da população. Do contrário, corremos o risco de, em breve, necessitar de nova intervenção federal.

A sociedade rondoniense merece mais que soluções temporárias. Merece uma política de segurança pública que não discrimine vítimas, que não opere apenas em momentos de crise e que, sobretudo, seja capaz de se antecipar às ações criminosas. O momento é de cobrar das autoridades não apenas resultados imediatos, mas um legado duradouro de transformação na segurança pública do Estado.






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