Porto Velho (RO)10 de Julho de 202506:00:10
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Dólar dispara a R$ 5,50 e Bolsa derrete após Trump ameaçar o Brasil

Investidores reagiram às falas do presidente dos EUA, Donald Trump, que deve anunciar novas tarifas comerciais sobre produtos brasileiros


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Dólar dispara a R$ 5,50 e Bolsa derrete após Trump ameaçar o Brasil

Douglas Sacha/Getty Images

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O dólar encerrou a sessão desta quarta-feira (9/7) em forte alta frente ao real, impulsionado por declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que ameaçou abertamente o Brasil e disse que vai anunciar novas tarifas comerciais sobre produtos do país.

Dólar

• O dólar encerrou o dia em alta de 1,06%, negociado a R$ 5,503.

• Na cotação máxima da sessão, o dólar bateu justamente R$ 5,503. A mínima foi de R$ 5,449.

• Na véspera, o dólar fechou em queda de 0,59%, cotado a R$ 5,445.

• Com o resultado, a moeda norte-americana acumula ganhos de 0,22% em julho e perdas de 11,88% frente ao real em 2025.

Ibovespa

• O Ibovespa, principal indicador do desempenho das ações negociadas na Bolsa de Valores do Brasil (B3), fechou em forte queda.

• Nos instantes finais do pregão, o índice despencava 1,33%, aos 137,4 mil pontos.

• No dia anterior, o indicador fechou em baixa de 0,13%, aos 139,3 mil pontos.

• Com o resultado, a Bolsa brasileira acumula ganhos de 0,33% no mês e de 15,84% no ano.

Trump ameaça taxar o Brasil

Nesta quarta-feira, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou que vai aplicar uma nova taxa sobre o Brasil. As tarifas devem ser anunciadas, no máximo, até quinta-feira (10/7). A declaração foi feita durante reunião com líderes do Gabão, Guiné-Bissau, Libéria, Mauritânia e Senegal na Casa Branca.

"O Brasil não tem sido bom para nós. Nada bom, aliás. Vamos divulgar um número para o Brasil no final da tarde ou amanhã de manhã", disse Trump ao ser questionado sobre novas taxas.

O presidente dos EUA não deixou claro quais setores brasileiros podem ser atingidos pelas novas medidas e se elas serão uma continuidade do tarifaço de abril, quando as importações do Brasil foram taxadas em 20%.

Na terça-feira (8/7), Trump já tinha confirmado taxas extras de 10% para todos os países do Brics e para as nações que se aproximassem do bloco de economias emergentes. Nas palavras do mandatário norte-americano, o grupo foi "criado para desvalorizar" o dólar, ou seja, seria uma ameaça direta aos interesses dos EUA.

Ainda nesta quarta, Trump publicou cartas enviadas a parceiros comerciais, oficializando o início das tarifas recíprocas impostas por ele desde o início do segundo mandato. As taxas variam de 25% a 40%.

A secretária de Imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, havia informado, na segunda-feira (7/7), que o presidente norte-americano enviaria cartas aos países informando sobre as tarifas. "Haverá, aproximadamente, 12 outros países que receberão notificações e cartas diretamente do presidente dos Estados Unidos. O presidente ainda planeja criar planos comerciais personalizados para cada país deste planeta", disse Leavitt.

Veja os países que receberam as cartas e as respectivas taxações:

• Japão: tarifa de 25%

• Coreia do Sul: 25%

• Myanmar: 40%

• Laos: 40%

• África do Sul: 30%

• Cazaquistão: 25%

• Malásia: 25%

• Filipinas: 20%

• Moldávia: 25%

• Brunei: 25%

• Argelia: 30%

• Iraque: 30%

• Líbia: 30%

• Sri Lanka: 30%

Ata do Federal Reserve

Outro ponto de atenção para os investidores nesta quarta-feira foi a divulgação da ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA), divulgada nesta quarta-feira (9/7).

Em meados de junho, o colegiado anunciou a manutenção dos juros básicos no intervalo de 4,25% a 4,5% ao ano. Foi a quarta reunião consecutiva na qual a autoridade monetária norte-americana manteve inalterada a taxa de juros.

Apesar das pressões públicas e quase diárias do presidente dos EUA, Donald Trump, pela queda da taxa de juros, apenas "algumas autoridades" do BC norte-americano presentes na última reunião do Fomc defenderam uma redução já no próximo encontro do colegiado, marcado para os dias 29 e 30 de julho.

De acordo com a ata, "a maioria dos participantes" da reunião do Fomc em junho projetou eventuais cortes nos juros ainda neste ano, com choques de preços "temporários ou modestos" causados pelas tarifas comerciais.

"Os participantes, em geral, concordaram que, com o crescimento econômico e o mercado de trabalho ainda sólidos e a política monetária atual moderada ou modestamente restritiva, o comitê estava bem posicionado para aguardar por mais clareza sobre as perspectivas para a inflação e a atividade econômica", diz a ata do Fomc.

De acordo com a ata do Fomc, as autoridades do Fed "concordaram que continua sendo apropriado adotar uma abordagem cuidadosa no ajuste da política monetária".

Galípolo no Congresso

No cenário nacional, as atenções dos investidores se voltaram para a participação do presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, em uma audiência da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados.

Durante a sabatina, Galípolo descartou a possibilidade de rever a meta de inflação deste e do próximo ano, ambas de 3%. "Falar em mudar a meta é mostrar que o país está confortável com uma moeda que perde mais valor ano a ano. Ninguém vai segurar um ativo que desvaloriza. E não há nada mais danoso para a sociedade do que destruir a moeda. É uma instituição que depende de credibilidade", afirmou o chefe da autoridade monetária.

Galípolo ainda justificou os juros altos no país, que estão em 15% ao ano. "Ninguém quer baixar os juros e ter uma inflação lá em cima. Você quer viver com uma taxa de juros que possa produzir o mesmo efeito, do ponto de vista de conter a inflação, porém num patamar que possa ser mais próximo dos nossos pares (países emergentes)", disse o presidente do BC.

Para Galípolo, a "normalização da transmissão da política monetária" será feita por meio de uma série de medidas e não com "bala de prata" ou "uma vitória por ippon", numa referência ao judô. "Diferentemente do caso do Plano Real, que foi possível com uma medida, nesse caso me parece que a gente vai precisar de uma série de medidas. Não vai ter bala de prata, não vai ter uma vitória por ippon", avaliou.

Governo e Congresso tentam retomar pontes

Nesta quarta-feira, o mercado financeiro também repercutiu a reunião entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), na noite dessa terça-feira (8/7), na residência oficial da Câmara, em Brasília.

O encontro foi uma tentativa de distensionamento entre o Executivo e o Congresso, após a derrubada de um decreto presidencial que prorrogava a cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em transações de câmbio. A medida foi considerada inconstitucional pelo Legislativo, o que gerou desgaste entre o governo e os parlamentares.

Em entrevista exclusiva ao Metrópoles, na terça, Haddad já havia antecipado a intenção de se encontrar com Motta ainda durante esta semana. Na entrevista, o ministro da Fazenda minimizou o impacto da crise, especialmente com Motta, dizendo que ambos têm amigos em comum trabalhando para reaproximá-los.

Essa foi a primeira vez que os líderes conversaram desde que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu tanto o decreto do governo federal que aumentou o IOF quanto a decisão do Congresso Nacional que havia derrubado o reajuste do tributo.

Na reunião, esteve em pauta a necessidade de um possível entendimento entre o governo e a cúpula do Congresso para tentar resolver o impasse antes da audiência de conciliação marcada para o dia 15 de julho. O encontro reunirá os principais envolvidos no caso e tem como objetivo construir uma saída negociada para a crise em torno da elevação das alíquotas do IOF.

Análise

Segundo Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, o avanço do dólar frente real se deve, principalmente, às novas ameaças tarifárias de Trump, "intensificando as preocupações do mercado com o comércio internacional". "O aumento das tensões comerciais volta aos holofotes e contribui para um movimento de aversão ao risco dos ativos locais, agravado pelo desempenho negativo do Ibovespa e reforçando o movimento defensivo do mercado cambial", afirma.





















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