Porto Velho (RO)06 de Agosto de 202505:12:31
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Crise em Gaza mobiliza líderes internacionais a pressionarem Israel

À medida que o número de mortes aumentava, mais de 100 organizações humanitárias alertaram para a fome em massa no território palestino


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Otavio brito/Metrópoles

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A fome e a desnutrição se agravaram na Faixa de Gaza, onde o bloqueio israelense impede a chegada de ajuda humanitária internacional. Enquanto reféns israelenses continuam sob poder do Hamas e as negociações de cessar-fogo acontecem, líderes internacionais intensificam a pressão para que Israel se comprometa com fim da ocupação e com medidas humanitárias concretas.

Durante a semana, líderes europeus anunciaram o reconhecimento do Estado da Palestina. Os países declararam que reconhecerão a Palestina caso Israel não se comprometa com o fim da ocupação.

A França sinalizou apoio antecipado, com o presidente Emmanuel Macron defendendo um reconhecimento "solene", tornando o país o primeiro do Ocidente a assumir tal posição.

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, afirmou, durante conferência da ONU, copresidida por França e Arábia Saudita, que o Reino Unido está preparado para formalizar o reconhecimento do Estado palestino já em setembro.

À medida que o número de mortes aumentava, mais de 100 organizações humanitárias alertaram para a fome em massa. Membros da ONU defenderam a criação de dois Estados independentes como solução para o fim do conflito.

Em meio as pressões internacionais, o exército israelense anunciou uma "pausa tática" diária de 10 horas em sua atividade militar em três áreas do território, para permitir a distribuição de ajuda humanitária "todos os dias até novo aviso".

João Miragaya, mestre em história pela Universidade de Tel-Aviv, assessor do Instituto Brasil-Israel e membro do podcast Do Lado Esquerdo do Muro, contou ao Metrópoles, que a pressão internacional "resultou no aumento substancial da entrada humanitária, também na permissão de Israel para que os Emirados Árabes junto com o Egito construíssem um novo canal de água do Egito para Gaza".

Mas que, segundo ele, "ainda está muito distante do necessário para corrigir os problemas, para você remediar a fome severa".

"A entrada de comida por si só não resolve os problemas. Todas as crianças que estão desnutridas, que precisam de fórmulas complementares, vitaminas específicas, o aumento do número de rações que entram, não é suficiente para resolver esse problema", afirmou o especialista.

Segundo Miragaya, a pressão internacional pode alterar um pouco o ambiente interno de Israel, mas ‘"ela é insuficiente muito menos para que" o Estado aceite um cessar-fogo.

"Até agora, quando a pressão vem dos Estados Unidos, Israel atende", alegou Miragaya.

Permissão dos Estados Unidos

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou durante a semana que o país pretende criar um "centro de alimentos" na Faixa de Gaza. Ele rebateu a declaração do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que disse que "não há fome em Gaza".

"É difícil imaginar que a entrada de uma humanitária não passou pelo Trump", afirmou o profissional.

De acordo com Miragaya, em relação ao reconhecimento do Estado Palestino, "pelo menos a curto e médio prazo, isso não vai acontecer".

"Eu acredito que, em algum momento no futuro, isso vai ter que acontecer, mas a curto, médio e prazo não vai acontecer", conta o especialista ao citar o reconhecimento da Palestina.

Ele afirma que, declarações como a do Macron ou Starmer, "são simbólicas, não tem nenhum efeito prático e nem vão ter". Miragaya também relembrou que, durante o governo do presidente Joe Biden, a ajuda humanitária entrou no território.

"O Trump é um presidente muito mais forte que o Biden e ele escolhe não pressionar o governo por isso, mas o que depende, é da participação dos Estados Unidos, mais nada", completou Miragaya.

















Metrópoles

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