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Após um dia de "caos e guerra" contra membros do Comando Vermelho (CV) no Alemão e na Penha, o governo do Rio de Janeiro reforçará o policiamento ao longo desta quarta-feira (29) para tentar retornar à "normalidade" e combater qualquer retaliação que possa ser promovida por integrantes da facção.
O governador do Rio, Cláudio Castro, confirmou em entrevista à CNN Brasil que o policiamento será reforçado. Sobre a ação de terça, ele afirmou que os policiais ocuparam pontos estratégicos e que tudo foi planejado com pelo menos 60 dias de antecedência.
Castro também espera que os sistemas públicos operem normalmente nesta quarta (29). "Há um primeiro dia de estresse, e a tendência é ir se acalmando", afirmou.
O saldo da ação de terça foi sangrento. Foram registradas 64 mortes, sendo 60 de criminosos e 4 de policiais (dois policiais civis e dois policiais militares do BOPE). O número de mortes é mais que o dobro da então mais letal operação policial do Rio, que ocorreu em maio de 2021, com 28 mortos no Jacarezinho.
"Foi uma operação planejada, que começa com cumprimento de mandado judicial, investigação de um ano e um planejamento de 60 dias, que o Ministério Público participou. Não é uma ação de alguém que acordou e resolveu fazer uma grande operação", afirmou o governador.
Dados da operação
64 mortos, dos quais 60 criminosos e 4 policiais
81 presos
93 fuzis apreendidos
Além das mortes, foram 81 presos na ação policial. Entre os criminosos detidos está Thiago do Nascimento Mendes, conhecido como Belão, braço direito do líder do comando Vermelho, Edgard Alves, o Doca, segundo fontes da PM ouvidas pela CNN Brasil.
Belão é o operador financeiro do Comando Vermelho no Complexo da Penha. Os detidos na operação foram enviados para a Cidade da Polícia, onde estão sendo identificados.
Operações com mais mortes no RJ
Operação no Alemão e na Penha - 64 mortos - 28/10/2025
Operação no Jacarezinho - 28 mortos - 05/2021
Operação na Penha - 23 mortos - 05/2022
Operação no Alemão - 19 mortos - 06/2007
Operação no Alemão - 17 mortos - 07/2022
A operação
28 de outubro de 2025 ficará marcado na história do Rio de Janeiro como o dia da operação policial mais letal já registrada no Estado, com 64 mortos, sendo 60 de suspeitos de crimes e 4 de policiais (dois policiais civis e dois policiais militares do BOPE).
Segundo o governo do Rio de Janeiro, a ação foi iniciada com o objetivo de combater a expansão territorial do Comando Vermelho (CV) e prender lideranças criminosas que atuam no Rio e em outros estados - os alvos se concentram no Alemão e na Penha.
Desde as primeiras horas da manhã, diversas cenas de "guerra" foram registradas pela cidade.
Drones policiais registraram um grupo de criminosos fortemente armados, vestindo roupas camufladas e portando fuzis, em fuga por trilhas clandestinas na mata da Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha.
Pelo menos 2500 agentes das Polícias Civil e Militar foram para as ruas. Para a realização da megaoperação, o suporte logístico e tecnológico incluiu drones, dois helicópteros, 32 blindados e 12 veículos de demolição.
Pedido negado
Castro (PL) disse que o estado vem tentando dialogar com as Forças Armadas e que já solicitou apoio de blindados ao Exército três vezes, mas que os pedidos foram negados em todas as ocasiões.
O governador afirmou ainda que o estado do Rio de Janeiro está "sozinho" e cobrou maior integração com o governo federal no combate ao crime organizado. A fala do governador se dá no mesmo dia em que a Polícia do Rio realiza uma megaoperação no Complexo do Alemão que já deixa ao menos 60 mortos.
Drone do Comando Vermelho
Em um vídeo obtido pela CNN Brasil, um drone de criminosos do CV (Comando Vermelho) foi flagrado arremessando bombas na região do Complexo da Penha.
CNN Brasil