Foto registrada no mesmo local: à esquerda, registrada em 22/04/2024; à direita, em 15/08/2024, em Porto Velho (RO)
Foto: Fabiano do Carmo/SGC
Porto Velho (RO) enfrenta uma crise ambiental com a pior qualidade do ar registrada no Brasil nesta quinta-feira (15), segundo o IQA (Índice de Qualidade do Ar). Durante a manhã, a concentração de partículas inaláveis PM2.5 atingiu 653,2 µg/m³, índice classificado como "Perigoso" conforme os padrões da plataforma IQAir. Para comparação, o ar é considerado "bom" quando registra até 25 µg/m³. Na prática, isso significa que a poluição na capital rondoniense está cerca de 26 vezes acima do aceitável para a saúde humana.
A classificação do IQA varia entre "Bom", "Moderado", "Insalubre para grupos sensíveis", "Insalubre", "Muito insalubre" e "Perigoso". Neste cenário, o PM2.5, partícula ultrafina resultante de queimadas e da queima de combustíveis fósseis, é o principal poluente. De difícil eliminação pelo organismo, essa partícula tem uma concentração 40,8 vezes maior que o limite anual recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
Impactos no transporte aéreo
Aeroporto Internacional Governador Jorge Teixeira de Oliveira, em 15/08/2024 — Foto: Reprodução
Além dos riscos à saúde pública, as condições atmosféricas afetaram diretamente a operação no Aeroporto Internacional Governador Jorge Teixeira de Oliveira. Durante a madrugada desta quinta-feira, quatro voos foram obrigados a desviar as rotas, pois não puderam pousar devido à densa fumaça que comprometeu a visibilidade na região.
Conforme a concessionária Vinci Airports, responsável pela administração do terminal, os voos foram direcionados para outras localidades até que a situação permita a retomada das operações normais.
Devido ao fechamento do aeroporto, houve confusão no saguão. Alguns passageiros ficaram inconformados com a situação.
Queimadas em Porto Velho sobem 239,63% em 2024
Focos de queimadas: BR-319 em amarelo; Transamazônica em azul; Machadão e Cujubim em laranja — Foto: Reprodução
O aumento expressivo das queimadas é um dos fatores que agravam o quadro ambiental em Porto Velho. Conforme dados do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), entre 1º e 15 de agosto de 2024, houve um crescimento de 239,63% no número de focos de incêndio em comparação com o mesmo período de 2023. No ano passado, foram registrados 159 focos; este ano, o número saltou para 540.
A situação é ainda mais alarmante quando se consideram os dados de todo o estado de Rondônia. No mesmo período, os focos de queimadas subiram de 380 em 2023 para 1.775 em 2024, representando um aumento de 367,11%. Especialistas apontam que o avanço das queimadas está relacionado tanto à intensificação de práticas ilegais de desmatamento quanto às condições climáticas desfavoráveis, como a baixa umidade e a ausência de chuvas.
Impactos à saúde e medidas preventivas
A exposição prolongada a altos níveis de PM2.5 pode causar uma série de problemas de saúde, especialmente em crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias e cardiovasculares. Entre os sintomas mais comuns estão irritações nos olhos, garganta seca, falta de ar e crises asmáticas. Em casos mais graves, a poluição pode levar a complicações como infecções pulmonares e doenças crônicas.
Para amenizar os efeitos da poluição, é recomendado que a população evite atividades ao ar livre, especialmente em horários de pico de calor. O uso de máscaras do tipo PFF2, que filtram partículas finas, pode oferecer maior proteção.
Além disso, é importante manter os ambientes internos fechados, com umidificadores ou toalhas úmidas, também ajuda a reduzir a exposição. Em situações de sintomas persistentes ou agravamento de condições pré-existentes, a orientação é buscar atendimento médico imediato.
Queimadas e ações de combate
Incêndio em pasto próximo a Serra dos Parecis, em Guajará-Mirim — Foto: Fabiano do Carmo/SGC
O aumento das queimadas em Porto Velho e em todo o estado de Rondônia reflete um cenário recorrente nesta época do ano, quando a prática de incêndios para a limpeza de áreas agrícolas e o avanço do desmatamento ilegal se intensificam. O período crítico costuma se estender de julho a outubro, afetando drasticamente a qualidade do ar e trazendo consequências diretas para a saúde da população e para o equilíbrio ambiental.
A colaboração da sociedade, evitando práticas de queima e denunciando atividades ilegais, é considerada essencial para mitigar os efeitos negativos desse ciclo. Mesmo com os esforços, a tendência de crescimento das queimadas preocupa, exigindo um monitoramento constante e uma resposta integrada entre diferentes esferas de governo e sociedade civil.
Fabiano do Carmo - Portal SGC