Porto Velho (RO)18 de Dezembro de 202518:17:06
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Rondônia

Rondônia solta filhotes de tartaruga-da-Amazônia e renova ciclo da vida no Vale do Guaporé

Apesar do receio de enchentes provocarem grandes perdas, a liberação tem obtido sucesso


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Marcela Bonfim I Secom ALE/RO

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Uma ação promovida pela Ecovale e Ibama no domingo (14), marcou a soltura no Rio Guaporé de cerca de 12 mil filhotes de tartarugas-da-amazônia, os quelônios, nascidos em praias localizadas nos municípios de Costa Marques e São Francisco do Guaporé, após o atraso na desova.




Na primeira semana da desova, as fêmeas da tartaruga subiram para as praias em um número menor que o esperado, mas na segunda semana, as praias foram invadidas por elas, inclusive aquelas que nunca haviam sido utilizadas pelos animais.

O nascimento dos filhotes ocorre dentro da normalidade. A avaliação é do ambientalista José Soares Neto, conhecido como Zeca Lula, um dos fundadores da Ecovale. De acordo Zeca, o período de chuvas começou cedo este ano, o que gerou preocupação.

"Começou a chover em agosto e ficamos apreensivos. No ano passado, o rio encheu muito rápido e houve grandes perdas. Mas, neste ano, as chuvas se normalizaram. A natureza está seguindo seu curso", explicou.

Este é um momento aguardado do processo reprodutivo da tartaruga-da-amazônia, e um dos mais delicados. De acordo com o biólogo Leandro de Oliveira Almeida, gerente de Desenvolvimento das Políticas Públicas em Educação Ambiental da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental (Sedam), nem todos os filhotes chegam à fase adulta, o que é esperado.

"Esses filhotes também servem de alimento para outros animais. Isso mantém o equilíbrio natural da vida. A presença de predadores faz parte do ciclo", afirma.

Ação humana: da ameaça á preservação

Contudo, além da ação natural dos predadores, a espécie já esteve ameaçada de extinção devido à ação humana na década de 1990. A carne, os ovos e a gordura da tartaruga-da-amazônia eram consideradas iguarias muito apreciadas na culinária local, o que promoveu a caça incessante. "Hoje é uma espécie protegida, mas que ainda precisa de conscientização constante", ressalta Leandro.



E foi também graças aos seres humanos que um outro predador passou a integrar a lista de predadores das pequenas tartaruguinhas. De acordo com Zeca Lula, no passado, havia grande fartura de peixes. Após a pesca, os pescadores descartavam vísceras na praia, atraindo a atenção de Urubus. "O urubu vinha se alimentar e acabou se acostumando a frequentar a praia", relata.

Com o passar dos anos, diminuiu a quantidade de peixes, o que provocou a redução no descarte das vísceras. Diante da escassez, os urubus passaram a buscar novas fontes de alimento. Nesse cenário, os filhotes de tartaruga viraram um alvo fácil. "O urubu veio atrás de comida, encontrou um petisco e acabou adotando isso como principal alimento", lamenta.

Ao romper a areia, os filhotes enfrentam predadores no rio, como os jacarés e peixes de maior porte, parte do ciclo natural. Por outro lado, os filhotes enfrentam ameaças ocasionadas pela ação humana.

Tendo em vista os riscos e a necessidade de preservação, a Associação Comunitária e Ecológica do Vale do Guaporé (Ecovale) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) acompanham todas as etapas do processo reprodutivo.

Proteção




O monitoramento começa com a subida da fêmea à praia e a escavação do ninho. Em seguida, os ovos são depositados na areia e cobertos pela mãe, que busca protege-los de predadores. Depois, vem o nascimento dos filhotes.



O trabalho de monitoramento conta com o apoio de instituições, empresas e voluntários. Foi esse trabalho integrado que permitiu que milhões de filhotes alcançassem o Rio Guaporé, um resultado que reforça a importância da fiscalização e da proteção contínua das praias de desova.

De acordo com o Ibama, apenas entre os dias 11 e 15 de dezembro, foram contabilizados 60 mil filhotes. A expectativa é que um pico de nascimentos ocorra nas próximas semanas. O processo deve se estender até o fim de dezembro e o início de janeiro.

Fotos: Marcela Bonfim I Secom ALE/RO

Fonte: Secom ALE/RO
















Portal SGC


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