Por uma gestão eficiente e humanizada na saúde da capital

A recente fiscalização do Tribunal de Contas do Estado de Rondônia nas unidades de saúde de Porto Velho expõe uma realidade que merece profunda reflexão. O cenário encontrado pelos auditores nas UPAs e policlínicas da capital não apenas evidencia falhas estruturais, mas também revela a necessidade urgente de uma reformulação no sistema de gestão da saúde pública municipal. A ausência de testes para Covid-19 em pleno momento de ressurgência de casos respiratórios é particularmente preocupante. Este déficit compromete tanto o diagnóstico individual, como também a capacidade de monitoramento epidemiológico da cidade, essencial para o planejamento de ações preventivas e assistenciais.

As longas esperas por atendimento, que ultrapassam três horas, refletem um desequilíbrio crônico entre demanda e capacidade operacional. A falta de médicos, evidenciada pela ausência ou ilegibilidade das escalas de plantão, sugere problemas tanto na atração quanto na retenção de profissionais qualificados. É fundamental que a administração municipal reveja suas políticas de recursos humanos na área da saúde. No entanto, seria simplista atribuir todos os problemas apenas à atual gestão. O sistema de saúde pública enfrenta desafios históricos que demandam soluções estruturantes. A questão transcende mandatos e requer um pacto pela saúde que envolva diferentes esferas do poder público e a sociedade civil.

O momento exige uma resposta em duas frentes: medidas emergenciais para resolver as carências imediatas e um planejamento estratégico de médio e longo prazo. A nova gestão municipal, ao receber o relatório do TCE-RO, tem a oportunidade de implementar mudanças significativas. É essencial que o poder público fortaleça os mecanismos de controle e transparência na gestão da saúde. A fiscalização realizada pelo TCE-RO demonstra a importância dos órgãos de controle na identificação de problemas e proposição de melhorias.

A modernização do sistema de saúde de Porto Velho não pode mais esperar. É imperativo que a nova gestão municipal não apenas corrija as falhas apontadas pelo TCE-RO, mas também implemente um novo modelo de governança, com indicadores claros de desempenho, transparência nas ações e, principalmente, foco na qualidade do atendimento ao cidadão. A população de Porto Velho merece um sistema de saúde eficiente e humanizado. Para isso, é necessário um compromisso efetivo com a qualificação da gestão, a modernização dos processos e a valorização dos profissionais de saúde. O momento é de ação, responsabilidade e, sobretudo, de priorização da saúde pública.

Diário da Amazônia