Carlos Sperança
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Flores no lodo
No romance Poliana, de Eleanor H. Porter, a sofrida protagonista conta que aprendeu com o pai o "jogo do contente", que consiste em encontrar algo bom em tudo o que acontece. A vida mostra que há coisas das quais é difícil extrair algo de bom, como a corrupção que inunda os países sem Justiça ou com um Judiciário que não se dá ao respeito. De qualquer forma, é uma atitude positiva encontrar oportunidades nas crises. É possível que da exposição dos corruptos e sua punição resulte um país melhor
O negacionista Donald Trump, em seu retorno à Presidência dos EUA, procura liquidar as políticas de preservação ambiental, o que é falta de bom senso diante da piora dos rigores climáticos, mas Rodrigo Sobral Rollemberg, secretário de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, acredita que o Brasil pode ganhar com isso, colhendo flores no lamaçal.
Para ele, quanto mais os EUA recuarem nas iniciativas que promovam a sustentabilidade, mais o Brasil tem chances de lucrar. A ideia dele é vender o Brasil na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), a se realizar em Belém, como o "paraíso dos investimentos verdes". Como se fosse uma Poliana reciclada, ele propõe "fazer com que problemas se tornem grandes chances", como recuperar áreas degradadas e fazer o agronegócio ganhar muito mais capturando carbono.
Jogo de cena
Mais alguns dias será possível entender o afastamento - e não o rompimento cenográfico - do governador Marcos Rocha com o demitido chefe da Casa Civil Junior Gonçalves. Ele e alguns deputados estaduais pularam cirandinha em alguns eventos que já são conhecidos da opinião pública. Sobre o rompimento político a coisa está longe, se houvesse ruptura, Junior também seria chutado do comando do União Brasil onde está bem instalado. Rocha e Junior se entendem, mas a política tem estas nuances e estes jogos de cena. Mas quando fizerem jogos de cena, que caprichem mais, né? Nem todo mundo engole as encenações
Novo encontro
A Confederação Nacional de Municípios já está convocando os prefeitos rondonienses para a XXVI Marcha Municipalista, marcada para acontecer de 19 a 22 de maio em Brasília. Como sempre, os encontros acontecem em bons hotéis, se come em excelentes restaurantes e os alcaides se fartam em diárias gordas. Os resultados para suas municipalidades decorrentes de intermináveis discussões sobre mais recursos para os municípios nem sempre são alvissareiros. Mas pelo menos é uma oportunidade para os prefeitos percorrerem os gabinetes de deputados federais e senadores em busca de recursos de emendas parlamentares.
As definições
Temos um cenário claramente de indefinições para a disputa do governo estadual e as duas cadeiras ao Senado nas eleições do ano que vem. Fora o governador Marcos Rocha (União Brasi) e a deputada federal Silvia Cristina (PP) que sinalizam claramente a intenção de disputar o Senado, os demais candidatos hesitam em se definir, colocando seus projetos, tanto a disputa do Senado como ao governo estadual, dependendo das alianças, dos entendimentos, das acomodações. Assim se comportam Marcos Rogério (PL), Hildon Chaves (PSDB), Fernando Máximo (União Brasil). Lucio Mosquini (MDB).
Muitas indagações
O governador Marcos Rocha, que sinaliza a disputa de uma cadeira ao Senado e começa a se livrar de aliados incômodos envolvidos em casos que ficarão rumorosos nos próximos dias, joga com duas possíveis dobradinhas. Ele ao Senado e Fernando Máximo ao governo, ele ao Senado e o vice Sergio Gonçalves ao governo. Em ambos os casos com o apoio do prefeito de Porto Velho Leo Moraes (Podemos). Lembrando que geralmente os governadores se elegem ao Senado, casos de Raupp, Bianco, Ivo Cassol e Confúcio Moura.
O congestionamento
Ao meio de tantas articulações e um cipoal de rabos amarrados na política rondoniense, existe o risco de um baita congestionamento de candidaturas ao Senado nas eleições do ano que vem. Marcos Rogério, diz que prefere disputar a reeleição, Silvia Cristina se lançou a uma candidatura ao Senado, o governador Marcos Rocha já está em campanha para uma cadeira ao Senado, Lúcio Mosquini se projeta ao Senado pelo Republicanos, deixando o MDB. E ainda tem Hildão (PSDB) nas paradas, como possível postulante ao Senado. Um congestionamento de candidaturas dos infernos, já que se Confúcio não disputar o governo estadual, tentará a reeleição.
Via Direta
*** No Amazonas o senador Omar Aziz já está em campo para disputar o governo do seu estado. Já tem apoio de lideranças políticas expressivas do estado e do diretório nacional do PSD *** Por falar em PSD, o comando nacional quer candidaturas próprias nos estados. Tratando-se de Rondônia inicialmente o nome seria do prefeito de Cacoal Adailton Fúria, mas existem apostas correndo nos bastidores que o candidato do partido no estado poderá ser o ex-prefeito de Porto Velho Hildon Chaves atualmente filiado ao PSDB *** Existem entendimentos rolando entre lideranças partidárias neste sentido.
Carlos Sperança