Porto Velho (RO)12 de Dezembro de 202518:03:40
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Saúde

SGC TV: Brasil registra quase 40 mil incidentes com recém-nascidos em oito anos

Pesquisa da Sobrasp com UFSCar e Anvisa analisou dados de 2014 a 2022


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Um estudo realizado pela Sociedade Brasileira para a Qualidade do Cuidado e Segurança do Paciente (Sobrasp), em parceria com a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), analisou quase uma década de dados e identificou um cenário preocupante nos serviços de saúde do Brasil. Entre 2014 e 2022, foram registrados 39.373 incidentes envolvendo recém-nascidos com menos de 28 dias de vida, conforme notificações do sistema Notivisa, da Anvisa.

A esmagadora maioria desses incidentes (99,1%) aconteceu em ambientes hospitalares. Do total analisado, 68,3% foram classificados como eventos adversos, ou seja, situações que poderiam ser evitadas e que, neste contexto, não causaram danos graves aos pacientes.

A neonatologista Dra. Cristina Ortiz, uma das especialistas citadas no estudo, aponta para uma deficiência no treinamento dos profissionais de saúde como um dos fatores relevantes. "É importante que seja feita em conjunto... Muitos profissionais ainda não têm um treinamento adequado", destacou.

Os dados revelam quais são as falhas mais frequentes. Os incidentes com cateteres venosos - tubos finos inseridos em veias para facilitar o acesso à corrente sanguínea - lideram as ocorrências, representando 16,7% do total. Em seguida, aparecem lesões por pressão (10,8%), falhas relacionadas a sondas (6,5%), extubações acidentais (5,7%) e quedas de pacientes (2,6%).

A enfermeira Mara Bastos chama a atenção para outro problema grave: a má administração de medicamentos durante a internação dos recém-nascidos. Ela ressalta que o erro não está apenas na medicação do bebê, mas em todo o processo, desde a prescrição até a administração, e que tais falhas podem ter consequências que vão desde danos leves até óbito.

A distribuição geográfica dos eventos adversos mostra que a região Sudeste teve a maior proporção de notificações, com 15.633 casos. O Nordeste aparece em segundo lugar (10.180), seguido pelo Centro-Oeste (6.840), Sul (6.071) e Norte (649).

O estudo também identificou limitações no sistema Notivisa ao longo dos anos analisados, como categorias pouco claras e informações incompletas, o que comprometia parte da precisão dos registros. Em 2025, a Anvisa atualizou a plataforma, aprimorando critérios e a classificação dos incidentes, medida que deve melhorar a vigilância e ajudar na prevenção.

Os números mostram que ainda há muito a avançar, mas também reforçam a importância da notificação, da prevenção e do compromisso com a qualidade da assistência. A enfermeira Mara Bastos complementa enfatizando a necessidade de investimento contínuo na capacitação dos profissionais. "As capacitações têm que ser permanentes em toda a área da saúde", concluiu.










Samara Santos - Portal SGC

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