Foto: Reprodução
A atual situação da dengue no Brasil, particularmente em São Paulo, demanda uma análise profunda e ações imediatas. Os números são alarmantes: 21 óbitos em menos de um mês, com dois terços concentrados no estado mais populoso do país, evidenciam uma crise que merece atenção especial das autoridades e da sociedade.
O cenário é ainda mais preocupante quando observamos que 139 mil casos prováveis foram registrados no país, sendo 82 mil somente em São Paulo. Estes dados, somados às 160 mortes sob investigação, das quais 114 no território paulista, configuram um quadro que exige medidas urgentes e coordenadas entre as diferentes esferas de governo.
A baixa adesão à vacinação entre jovens de 10 anos a 14 anos — público prioritário da campanha — representa um desafio adicional que precisa ser enfrentado com estratégias mais eficazes de comunicação e conscientização. É fundamental compreender que a hesitação vacinal pode comprometer significativamente o sucesso das políticas públicas de prevenção.
O fato de 37 municípios paulistas estarem em situação de emergência, com Jacareí e Mira Estrela enfrentando este status desde janeiro de 2024, indica que estamos diante de um problema crônico que transcende gestões e demanda soluções estruturais. A persistência deste cenário por mais de um ano em algumas localidades sugere falhas nos programas de prevenção e controle.
É importante reconhecer que o combate à dengue não pode se limitar a ações sazonais ou emergenciais. Requer um programa contínuo e integrado que envolva não apenas o poder público, mas também a participação ativa da sociedade. A eliminação de criadouros do mosquito Aedes aegypti deve ser uma prática constante, não apenas durante surtos epidêmicos.
O momento exige uma reavaliação das estratégias atualmente empregadas. É necessário fortalecer a vigilância epidemiológica, intensificar as campanhas de conscientização e, principalmente, investir em infraestrutura urbana adequada. Problemas como saneamento básico precário e gestão inadequada de resíduos sólidos contribuem significativamente para a proliferação do vetor.
A discrepância entre os números do Ministério da Saúde e da Secretaria Estadual também merece atenção. Esta divergência pode indicar necessidade de aprimoramento nos sistemas de notificação e maior integração entre as diferentes esferas governamentais.
O momento requer união de esforços, sem espaço para disputas político-partidárias. A saúde pública deve estar acima de qualquer divergência ideológica. É fundamental que governos federal, estadual e municipais atuem de forma coordenada, compartilhando recursos e informações para enfrentar este desafio.
A situação atual da dengue no Brasil é um alerta vermelho que não pode ser ignorado. É hora de transformar a preocupação em ação efetiva, com envolvimento de todos os setores da sociedade. Somente com um esforço conjunto e continuado poderemos reverter este quadro e prevenir futuras epidemias.
Diário da Amazônia