Eleições já não resolvem
O mundo está diante de uma encruzilhada climática: ou aplica recursos financeiros e tecnológicos para evitar a catástrofe ambiental ou a humanidade vai sucumbir. Será que a política eleitoral pode resolver isso? Até recentemente as medidas de proteção ambiental eram defendidas por liberais e criticadas pelos conservadores, mas hoje isso não está mais tão claro.
No Brasil existe o raro fenômeno de conservadores dominando o Partido Liberal, enquanto na Coreia do Sul o Partido do Poder Popular é golpista de extrema-direita. Além de se misturar e trocar papéis, pelo mundo afora os liberais e os conservadores se alternam no poder sem bons resultados. Os liberais americanos perderam as eleições depois de apoiar sem sucesso a Ucrânia, esperando empurrar a Rússia de volta para suas fronteiras, enquanto os conservadores prometeram a paz com telefonemas, ainda sem sucesso. O resultado é que a Ucrânia está em cacos.
Na Inglaterra, o Partido Trabalhista impôs uma derrota humilhante aos conservadores, pondo fim a 14 anos de domínio, mas nem por isso o país retomou sua liderança na Europa. No Brasil, quanto à Amazônia, acreditava-se que a troca do governo conservador de Bolsonaro para o liberal-popular de Lula mudasse a correlação de forças para os ambientalistas liberais frente aos negacionistas conservadores, mas os sinais indicam o contrário. Política e eleições já não funcionam como se esperaria delas.
Pé na estrada
Constato o vice-governador Sergio Gonçalves (União Brasil) já com o pé na estrada com vistas às eleições ao governo estadual em 2026. Como todo político cabaço, ele antecipa a campanha eleitoral, entusiasmado com expressivos apoios recebidos e nos seus périplos aos veículos de comunicação se mostra afiado nas questões ao estado. Quem está no poder tem que ser mais prudente. Está bem treinado pelo seu marketing, é bonzinho, loquaz como ambulante de praça, mas vai pagar o preço pela antecipação da corrida eleitoral. Deve receber mais cacete dos adversários e sua campanha sairá mais cara.
A colaboração
Também se verifica nos périplos de Gonçalves nos meios de comunicação a colaboração dos entrevistadores que evitam temas mais espinhosos para o vice-governador. Com isto, ele se mostra mais confortável nos meios de comunicação do que gatos de armazém. Gonçalves mostra boas qualidades, tem certo carisma, mas é considerado ainda presa fácil pelos adversários, mesmo com a máquina engrenada do governo estadual. Esta situação poderá ser revertida mais adiante com muito trabalho e na medida em que demonstre que não é um gatinho ingênuo tateando um pires de leite, mas um tigre mais voraz, com as garras afiadas.
É previsível
Nas minhas contas Sérgio Gonçalves vai apanhar muito nos debates que virão, sendo realmente postulante ao CPA Rio Madeira como ocorreu com o atual governador Marcos Rocha nos confrontos com Marcos Rogério no último pleito ao governo estadual. Mas o coronel mesmo padecendo nos debates ganhou as eleições. Rogério ganhou todos os debates mais foi considerado malvado e cruel com Rocha, ainda autoritário e arrogante e com esta imagem projetada na TV sucumbiu ao meigo, bonzinho e bico doce Rocha. Então que Gonçalves use a mesma receita para ser melhor sucedido.
Com qualidade
Mas os debates 2026 prometem mais qualidade e outras polarizações verbais. Cotado como candidato também ao CPA, o veterano Confúcio Moura é mais culto e preparado do que os adversários e vem de embates terríveis em épocas passadas com o ex-governador Ivo Cassol e o ex-presidente da Assembleia Legislativa Hermínio Coelho que quiseram lhe atribuir a condição de "frouxo e banana". Ao final El Carecon ganhou a parada, passando o trator por cima. Confúcio também representa problemas para o loquaz Marcos Rogério que pode ter pela frente também o ex-prefeito de Porto Velho Hildon Chaves, igualmente com grandes recursos de oratória e o novato Adailton Fúria, prefeito de Cacoal, amestrado pelo seu tutor Expedito Junior.
Já voduzando...
Em política, se sabe que não se chuta cachorro morto, tampouco se acende vela para defunto ruim. Também se sabe que os favoritos levam mais bordoadas de todos os demais postulantes. Nesta temporada, o favorito é o senador Marcos Rogério, como também foi favorito no pleito anterior e a ele deverão ser encaminhadas as maiores pauladas. No caso de Rogério, na condição de favorito, todo cuidado é pouco e se alguma coisa "colar" ele acaba desabando na reta final. Não querendo voduzar, mas já voduzando, assisti ao longo dos anos, tantos candidatos à prefeitura de Porto Velho e ao governo do estado sucumbindo, mesmo na condição de favoritos na largada.
Via Direta
*** O caos aéreo tende a aumentar em Rondônia com a suspensão dos voos entre Porto Velho a Rio Branco nas próximas semanas. É a empresa Azul à beira da falência *** O deputado federal Eurípedes Lebrão (São Miguel) tem folego de gato e vai se mantendo no cargo na Câmara dos Deputados, mesmo com o afastamento decretado pelas instâncias superiores de justiça *** Com tantos recursos protelatórios usados, Lebrão vai conseguir se manter até o final no seu mandato e o suplente Rafael Fera padecendo as agruras de uma longa espera *** Pelo que se vê, com muita sorte Fera poderá exercer apenas alguns dias de mandato. É coisa de louco!
Carlos Sperança