A celebração dos oito anos da Patrulha Maria da Penha em Rondônia transcende a mera contagem de tempo. Representa a consolidação de uma política pública essencial e a materialização da esperança para milhares de mulheres em situação de vulnerabilidade. A iniciativa, que nasceu para fiscalizar o cumprimento de medidas protetivas, evoluiu para se tornar um pilar fundamental na rede de enfrentamento à violência doméstica, demonstrando que a presença constante do Estado pode, de fato, salvar vidas.
Os números são eloquentes e revelam uma trajetória de expansão notável. Partindo de pouco mais de 300 atendimentos em seu ano inaugural, a Patrulha alcançou a marca de mais de doze mil visitas apenas em 2023, somando quase 50 mil atendimentos ao longo de sua existência. Este crescimento exponencial não reflete um aumento da violência em si, mas sim a ampliação da confiança das vítimas no sistema de proteção. Cada visita, cada fiscalização, é uma mensagem clara ao agressor de que suas ações não passarão impunes e à vítima de que ela não está desamparada.
O investimento na capacitação contínua dos policiais militares que atuam na linha de frente é um diferencial estratégico. A abordagem de um caso de violência doméstica exige mais do que técnica policial; requer sensibilidade, empatia e um profundo conhecimento das complexidades psicológicas e sociais que envolvem o ciclo da violência. Preparar os agentes para esse tipo de ocorrência qualifica o serviço e fortalece o vínculo de confiança com a comunidade, incentivando que mais mulheres rompam o silêncio.
Relatos como o de uma vítima que sobreviveu a uma tentativa de feminicídio brutal, e que hoje se vê como uma mulher superada, ilustram o impacto transformador da Patrulha. Seu conselho para que outras mulheres não ignorem os primeiros sinais e busquem ajuda ecoa como um alerta crucial. A violência doméstica raramente começa com uma agressão física extrema; ela é construída por meio de um processo gradual de controle, humilhação e isolamento. Reconhecer esses sinais e procurar a rede de apoio, seja ela institucional ou familiar, é o primeiro e mais decisivo passo para quebrar esse ciclo.
A data, portanto, serve como um momento de reflexão. Apesar dos avanços inegáveis, a erradicação da violência contra a mulher ainda é um desafio monumental que exige o compromisso de toda a sociedade. A Patrulha Maria da Penha é uma ferramenta poderosa, mas sua eficácia máxima depende de um ecossistema de apoio que funcione de maneira integrada, desde a denúncia até a reestruturação da vida da vítima.
O caminho percorrido em Rondônia é um exemplo a ser seguido, um lembrete de que, com investimento e vontade política, é possível construir um futuro onde nenhuma mulher precise viver com medo dentro de seu próprio lar.
Diário da Amazônia