Porto Velho (RO)08 de Agosto de 202505:07:35
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Porto Velho aposta em tecnologia e diálogo para ampliar controle sobre dinheiro público

Confira o editorial


A transparência na gestão dos recursos públicos é um dos pilares fundamentais para o fortalecimento da democracia e para a construção de uma sociedade mais justa e participativa. Nesse contexto, a instalação do primeiro Impostômetro e Gastômetro na região Norte de Porto Velho, representa um avanço significativo no controle social e na fiscalização do dinheiro público. A iniciativa, capitaneada pela Acep (Associação Comercial e Empresarial) da capital, coloca a cidade em sintonia com práticas já consolidadas em outras regiões do país, promovendo um ambiente de maior clareza e responsabilidade na administração dos tributos.

O Impostômetro, ao exibir em tempo real a arrecadação tributária, e o Gastômetro, ao detalhar os gastos, por enquanto, apenas da saúde pública oferecem à população ferramentas concretas para acompanhar de perto o fluxo de recursos. Essa transparência não apenas informa, mas também educa, estimulando o debate sobre a importância dos tributos e a necessidade de sua correta aplicação. A tecnologia, nesse caso, se alia à educação fiscal, promovendo uma cidadania mais ativa e consciente.

É importante reconhecer que a simples exposição dos números não resolve, por si só, os desafios históricos da má gestão e do desperdício de recursos. No entanto, iniciativas como essa criam um ambiente propício para o diálogo entre governo e sociedade, fortalecendo o controle social e pressionando por maior eficiência e responsabilidade na aplicação do dinheiro público. A consulta pública ao painel reforça o compromisso com a prestação de contas, um valor essencial para qualquer administração que se pretenda democrática.

Por outro lado, é preciso ponderar que a transparência, para ser efetiva, deve vir acompanhada de mecanismos de participação e de educação continuada. Não basta apenas mostrar quanto se arrecada e quanto se gasta; é fundamental que a população compreenda o significado desses números e saiba como utilizá-los para cobrar melhorias e propor soluções. O risco de uma transparência meramente formal, sem engajamento real da sociedade, é que os painéis se tornem apenas mais um dado estatístico, sem impacto concreto na vida das pessoas.

Além disso, a iniciativa deve ser vista como um ponto de partida, e não de chegada. O acompanhamento dos gastos na saúde é um passo importante, mas outros setores igualmente relevantes, como educação, segurança e infraestrutura, também merecem atenção. A ampliação do projeto para outras áreas pode potencializar ainda mais os benefícios da transparência e do controle social.

Porto Velho, ao adotar o Impostômetro e o Gastômetro, sinaliza para a necessidade de uma nova cultura de gestão pública, baseada na abertura de dados, no diálogo e na corresponsabilidade entre Estado e sociedade. Cabe agora aos cidadãos, às entidades e ao poder público aprofundar esse caminho, transformando a informação em participação efetiva e, sobretudo, em melhorias concretas para a população.

Diário da Amazônia

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