A iminente entrada em vigor do tarifaço imposto pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros reacende o debate sobre a vulnerabilidade das economias regionais diante de decisões externas. Rondônia, embora não tenha os Estados Unidos como principal destino de suas exportações, não está imune aos efeitos indiretos dessa medida. O cenário exige análise cuidadosa e respostas equilibradas, tanto do poder público quanto do setor produtivo.
A dependência de mercados internacionais sempre foi um desafio para estados exportadores. No caso de Rondônia, a diversificação de parceiros comerciais ao longo dos últimos anos se mostra uma estratégia acertada. O estado, que em 2000 exportava para 41 países, hoje alcança 116 mercados, diluindo riscos e ampliando oportunidades. Essa postura proativa permite que Rondônia se adapte com mais agilidade a mudanças no cenário global, como a atual taxação americana.
No entanto, os impactos indiretos do tarifaço não podem ser subestimados. A valorização do dólar, consequência da redução do fluxo de moeda estrangeira, tende a encarecer insumos, combustíveis e produtos essenciais, pressionando a inflação e elevando as taxas de juros. Esse efeito cascata pode afetar a competitividade das empresas, reduzir investimentos e comprometer a geração de empregos, especialmente em estados mais dependentes do comércio exterior.
Rondônia, ao diversificar mercados e investir em capacitação profissional, demonstra resiliência e capacidade de adaptação. O fortalecimento das cadeias produtivas locais, aliado à busca por novos mercados, contribui para a manutenção do crescimento econômico e para a geração de empregos. A orientação do governo estadual para que produtores evitem decisões precipitadas é prudente, pois o momento exige cautela e análise de oportunidades que possam surgir em outros mercados, como o asiático e o andino.
A proximidade geográfica com a rota do Pacífico pode ser um diferencial competitivo para Rondônia, facilitando o acesso a mercados estratégicos e reduzindo custos logísticos. Além disso, o fortalecimento do mercado interno deve ser considerado como alternativa para absorver parte da produção que eventualmente perder espaço no exterior.
O episódio do tarifaço evidencia a importância de políticas públicas voltadas para a diversificação econômica e para a redução da dependência de mercados específicos. Rondônia, ao investir em inovação, capacitação e abertura de novos mercados, constrói uma base sólida para enfrentar desafios externos e manter o ritmo de crescimento. O momento é de atenção, mas também de confiança na capacidade de adaptação e superação do estado.
Diário da Amazônia