Porto Velho (RO)18 de Agosto de 202510:17:14
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Brasil

Condições climáticas e dólar contribuem para deflação de alimentos

A inflação dos alimentos registrou queda pelo segundo mês consecutivo, de acordo com dados do IPCA de julho


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Vinícius Schmidt/Metrópoles

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Dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, mostram que os alimentos ficaram mais baratos em julho, segundo mês consecutivo de queda. Entre as baixas, destaca-se o recuo no preço do café (-10,1%) e da batata-inglesa (-20,27%).

O preço do café moído, por exemplo, caiu 1,01% em julho e quebrou um ciclo de 18 aumentos seguidos, ou seja, a primeira queda no valor do produto desde dezembro de 2023, quando recuou 0,37%.

O que dizem especialistas

Economistas consultados pelo Metrópoles afirmam que as boas condições climáticas, a desvalorização do dólar e a expectativa de uma supersafra contribuíram para a deflação da alimentação no Brasil.

Matheus Dias, economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), afirma que alguns produtos alimentícios têm tido sobreoferta no mercado interno, em razão da produção positiva.

"Todo produto que é negociado no mercado internacional, precificado em dólar, tem o seu preço afetado no Brasil. Em reais, esse produto acaba ficando mais barato", explica.

Ele ressalta, ainda, que a recente queda de preços dos produtos alimentícios não está "diretamente relacionada" ao tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos sobre parte das exportações brasileiras. "O dólar, a questão do clima, são os principais fatores para que a gente tenha uma deflação de alimentos atualmente. O tarifaço, a gente olha a partir de hoje para frente", avalia.

Segundo Dias, tarifas unilaterais alteram cadeias globais e podem, no curto prazo, intensificar a queda de preços em produtos com dificuldade de encontrar novos mercados. "Esse cenário não é para todos os produtos alimentícios, mas para aqueles que tiverem uma maior dificuldade de redirecionar mercados", explica ele.

Para os próximos meses, o economista projeta que a inflação dos alimentos volte a subir, em ritmo menor que o de 2024. "A gente tem uma gordura de safras boas que estão ocorrendo no meio do ano, acredito que o impacto seja menor", prevê. "A inflação de alimentos acaba ficando mais bem comportada do que foi, por exemplo, no ano passado", conclui.

Cristina Helena Pinto de Mello, professora de economia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), lembra que o Brasil incluiu uma grande parcela de itens na lista de exceção ao tarifaço, preservando cerca de 700 produtos das taxas.

Ela avalia que, no curto prazo, os preços podem seguir em queda, já que produtores tendem a direcionar a produção para o mercado interno. No médio e longo prazo, acredita que o nível de produção poderá ser ajustado.











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