Porto Velho (RO)19 de Setembro de 202509:34:52
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Brasil

Nova negativa de Tarcísio sobre candidatura ao Planalto divide aliados

Enquanto uma ala do entorno de Tarcísio acredita que ele segue sendo o mais cotado para a disputa, outra ala aposta no projeto de reeleição


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João Valério/Governo de SP

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A nova negativa de Tarcísio de Freitas (Republicanos) de que ele será candidato à Presidência da República em 2026 dividiu opiniões entre aliados sobre o futuro político do governador paulista.

Se por um lado uma ala do entorno de Tarcísio afirma que ele deve, de fato, tentar a reeleição em São Paulo, outra parte considera que o chefe do Executivo estadual segue como o principal cotado para representar a direita na disputa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Tarcísio é mesmo candidato à reeleição. A grande questão é que ele está num ponto que não é ele mais que decide. Se for convocado, não poderá negar a missão", afirmou uma fonte próxima ao governador.

Um outro aliado avalia que Tarcísio seguirá dizendo que não será candidato à Presidência como uma estratégia de diminuir a artilharia de adversários a mais de um ano da campanha eleitoral.

O "recuo" do governador se deu em meio ao avanço do projeto da anistia no Congresso Nacional, cuja articulação contou com a forte atuação dele em Brasília, e às repercussões da condenação de Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado no Supremo Tribunal Federal (STF).

Dias antes, Tarcísio subiu no palanque do ato bolsonarista de 7 de setembro, na Avenida Paulista, e radicalizou o discurso contra o Supremo e contra o ministro Alexandre de Moraes, chegando a chamar o magistrado de "tirano".

O movimento, ao fazer o aceno ao bolsonarismo radical, foi lido por boa parte do mundo político como um avanço de Tarcísio rumo à candidatura presidencial.

Nas semanas seguintes, no entanto, o governador optou por "submergir" e evitar declarações públicas. Ele passou a se concentrar em despachos internos no Palácio dos Bandeirantes e a realizar agendas de entregas no interior do estado.

Além disso, o assassinato do ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes, na última segunda-feira (15/9), pressionou o governador a voltar o foco para São Paulo, priorizando o acompanhamento das investigações sobre o crime.

Motivos para a reeleição

Aliados que defendem a candidatura de Tarcísio à reeleição afirmam que o governador não tem a "vaidade" de almejar o cargo mais alto da República já na próxima eleição.

Segundo relatos, o chefe do Executivo estadual costuma dizer que gostaria de um segundo mandato para entregar obras e projetos iniciados no primeiro.

Outro argumento apontado é o desejo da família de Tarcísio de evitar uma nova mudança para Brasília. Após uma transição considerada difícil para São Paulo, a primeira-dama Cristiane Freitas e os dois filhos do casal estariam finalmente adaptados, e um projeto presidencial poderia "virar de ponta-cabeça" a vida deles.

Interlocutores do governador também avaliam que seria arriscado para ele ficar sem mandato durante os seis meses entre a desincompatibilização do cargo — exigida pela lei eleitoral até abril — e a eleição.

Segmentos do bolsonarismo acreditam ainda que o governo petista "aparelha" órgãos de investigação, como a Polícia Federal, e poderia tentar "arrumar alguma coisa para atrapalhar Tarcísio", nas palavras de um aliado. "Sem estar na cadeira, quem vai protegê-lo, a Faria Lima?", questiona esse interlocutor.

Além disso, a ala mais "pessimista" em relação a uma candidatura ao Planalto considera que, com a máquina na mão e ampla experiência eleitoral, Lula é um adversário "muito difícil" de ser derrotado.

Na avaliação desses aliados, o tarifaço dos EUA e os ataques de autoridades da Casa Branca ao Judiciário brasileiro também favoreceriam o ambiente para Lula nas eleições.

Assim, segundo essa corrente, lançar Tarcísio neste cenário seria um risco grande de "rifar" o principal nome da direita atualmente.

Caso seja reeleito em São Paulo, o governador poderia se consolidar como uma liderança de envergadura nacional nos próximos anos e chegaria a 2030 mais preparado para um projeto presidencial — sem Lula como adversário.











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