Porto Velho (RO)26 de Setembro de 202521:36:48
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Família do jovem que sofreu batida de carro que vinha na contramão relata os dramas da perda e quer justiça

Fellyppe morreu após ser atingido por veículo na contramão; motorista fugiu sem prestar socorro e acabou preso dias depois


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Família do jovem que sofreu batida de carro que vinha na contramão relata os dramas da perda e quer justiça

Reprodução

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A Segunda Ponte, em Cariacica, no Estado do Espírito Santo, que deveria ser apenas um caminho, um atalho na noite, se transformou em um palco de horror. Era sexta-feira, dia 12 deste mês de setembro, quase meia-noite, quando a vida do jovem Fellyppe Gabryel Tofanin Brito, de apenas 20 anos, foi ceifada. Ele seguia em sua motocicleta fazendo suas entregas. Tinha um futuro pela frente, sonhos, alegrias... Mas o destino — e, nesse caso, o destino tem nome e sobrenome — cruzou seu caminho de forma brutal.

Um veículo que vinha na via andando na contramão provocou um impacto devastador, uma colisão frontal que não deu chance nem tempo para reação.O resultado? Os veículos se transformaram em "bolas de fogo" e terminaram carbonizados. O jovem Fellyppe foi arremessado da ponte, em uma queda de cerca de 20 metros de altura. Ele chegou a ser socorrido e levado às pressas ao Hospital Estadual de Urgência e Emergência (HEUE), mas não resistiu aos graves ferimentos e faleceu. Uma vida interrompida por uma circunstância que não pode ficar impune.

Omissão de socorro e fuga

E quem causou tudo isso? Quem estava ao volante do carro que resultou na morte trágica? Lucas Ribeiro Nicolau, de 29 anos. Após provocar o acidente, ele fugiu sem prestar socorro, deixando o jovem à própria sorte, enquanto os veículos ardiam em chamas. Havia muitas testemunhas, que prestaram relatos à Polícia. Inclusive, Lucas foi filmado logo depois em um posto de gasolina. Estava vomitando, cambaleando e apresentando sinais de embriaguez. O caso foi classificado pela Polícia como crime com dolo eventual, ou seja, ele bebeu, entrou na contramão e, ao fazer isso, assumiu o risco de matar.

Justiça e dor

A Delegacia Especializada de Delitos de Trânsito foi rápida. Pediu a prisão preventiva, e a Justiça, de prontidão, decretou a medida. Lucas Ribeiro Nicolau passou a ser procurado. Uma semana depois, graças a uma denúncia, foi encontrado e preso na cidade de Anchieta, no Sul do Estado. O delegado responsável pelo caso foi enfático ao afirmar que "não foi um acidente, foi um crime doloso. O veículo foi utilizado como se fosse uma verdadeira arma".

Lucas, o infrator, está preso e à disposição da Justiça. Contudo, as repercussões do ocorrido continuam a abalar o tecido social, tanto pela dinâmica cinematográfica da tragédia quanto pela dor que causa aos familiares e amigos diante de uma perda tão precoce.

Um futuro interrompido

Assim que a notícia da morte de Fellyppe chegou, a família formada por tios e avós entrou em estado de choque e, de imediato, se mobilizou para dar o último adeus. No total, foram oito pessoas — os dois avós e seis tios e tias. "Era um menino dedicado, obediente, estudioso e cheio de projetos. Nós encontramos a agenda dele com todo o projeto de vida escrito nela. Ele sonhava em ser policial federal. Inclusive, havia até a descrição de que tipo de mulher ele queria para ser sua esposa", relatou Elizeu, tio do jovem.

Fellyppe morava com o pai na cidade de Vitória. No dia 13 de agosto, completou 20 anos de idade, e sua morte aconteceu exatamente um mês e um dia depois, em 13 de setembro. "Quando chegamos lá, os irmãos da igreja onde ele congregava nos relataram que, por ser tão querido, o aniversário dele foi celebrado seis vezes em seis casas de amigos diferentes", destacou o tio.



O drama do retorno

Para ir ao velório, os familiares residentes em Ouro Preto do Oeste, diante da urgência da situação, precisaram pagar valores altos pelas passagens de avião. Além da dor da perda, o drama se intensificou na hora de retornar para casa. "Nós entramos em desespero para ir. Só pensamos em estar lá, porque o amor que temos por ele é maior que as dificuldades, e queríamos dar esse último adeus. Todos nós ficamos endividados. Na hora de retornar, entramos em desespero porque estávamos sem recurso, e muitos de nós estávamos perdendo dias de trabalho, com risco de perder nossos empregos. Apenas um dos meus irmãos conseguiu voltar antes", descreveu Elizeu.

Para conseguir retornar a Rondônia, a família buscou ajuda do departamento de Assistência Social de Vitória, que fez contato com a empresa Eucatur para verificar se poderia apoiar de alguma forma. "Ao sermos contatados, fomos sensibilizados pelo drama da família e concedemos desconto para os familiares e um voucher de 100% para um dos tios. Foi nossa forma de ajudar nesse momento tão complicado que a família se encontrava", relatou Thiago Cândido, gerente da Eucatur em Ji-Paraná.

A família já está em casa, após quase três dias de viagem em um percurso de mais de 3,5 mil quilômetros.

Justiça

Os familiares de Fellyppe não querem que o caso seja esquecido e lutam por justiça. "Não foi um acidente comum. Nosso menino estava trabalhando como entregador de comida, e o rapaz que bateu na moto dele entrou na contramão, estava embriagado e já possui, segundo levantamentos da polícia e da imprensa, várias passagens por dirigir sob efeito de álcool e por envolvimento em outros acidentes. Queremos que a justiça seja feita, e que esse rapaz pague pelo que fez ao meu sobrinho, tanto ele quanto quem o ajudou a fugir no dia do acidente", declarou o tio.

Fernando Pereira/PortalSGC

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