Ponte do Rio Candeias: equilíbrio entre prudência, transparência e segurança estrutural

A segurança da infraestrutura pública é um dos pilares para o funcionamento adequado das cidades, garantindo o ir e vir da população e o escoamento de bens e serviços. Quando sinais de deterioração aparecem em estruturas de grande importância, como pontes, é fundamental que haja uma resposta rápida e responsável das autoridades, não apenas para evitar tragédias, mas também para manter a confiança da sociedade nos órgãos responsáveis pela gestão e manutenção desses ativos.

O caso das rachaduras na ponte do Rio Candeias, que liga a cidade de Candeias do Jamari a Porto Velho, coloca em evidência questões que vão além da engenharia: envolve responsabilidade administrativa, transparência na comunicação pública e o equilíbrio entre a necessidade de manutenção e a urgência do tráfego.

A atuação do Ministério Público Federal, ao solicitar laudo técnico detalhado ao órgão responsável pela infraestrutura e envolver uma avaliação independente, é uma demonstração do rigor necessário em situações de risco potencial. A busca por um diagnóstico preciso, que contemple não apenas os danos observados, mas também os riscos à segurança dos usuários, é fundamental para que se evite decisões precipitadas ou, ao contrário, omissões que possam resultar em consequências graves.

É preciso ponderar, entretanto, o impacto das medidas de restrição de tráfego na vida cotidiana dos cidadãos. O controle "pare/siga", adotado como precaução, tem efeito imediato sobre o fluxo de veículos, atrasando deslocamentos e afetando quem depende diariamente da travessia. No entanto, quando a integridade de uma ponte é colocada em dúvida, a prudência deve prevalecer sobre a conveniência momentânea, especialmente diante do histórico recente de incidentes com obras de infraestrutura no país.

O papel das instituições técnicas, como conselhos de engenharia, também é de especial relevância nesses momentos. A avaliação independente serve como elemento de confiança para a sociedade, oferecendo um olhar técnico que pode tanto reforçar a necessidade de intervenções quanto tranquilizar a população quanto à segurança da estrutura.

Outro ponto importante é a comunicação clara e tempestiva com a população. A circulação de vídeos e relatos nas redes sociais, embora seja um instrumento legítimo de mobilização, pode gerar pânico e insegurança se não houver uma resposta oficial rápida e transparente. É dever dos órgãos públicos fornecer informações precisas, atualizando a sociedade sobre o andamento das apurações e as medidas adotadas para correção dos problemas.

No contexto de infraestrutura, a prevenção é, sem dúvida, o caminho mais seguro e econômico. Investir em inspeções regulares, manutenção constante e atualização tecnológica pode evitar gastos maiores e, sobretudo, preservar vidas. O episódio da ponte do Rio Candeias deve servir de alerta para que políticas públicas mais rígidas de monitoramento estrutural sejam implementadas, garantindo que sinais de desgaste sejam identificados antes que se transformem em risco real.

Diário da Amazônia