Recursos federais podem transformar estado se bem aplicados e fiscalizados

A chegada de investimentos federais superiores a R$ 1,4 bilhão em Rondônia representa mais que números expressivos ou promessas políticas. Trata-se de um momento decisivo para corrigir décadas de abandono e posicionar o estado como protagonista no desenvolvimento regional no Norte do país.

A construção da ponte binacional entre Guajará-Mirim, em Rondônia, e Guayaramerín, na Bolívia, simboliza essa mudança de paradigma. Após anos de estudos e projetos engavetados, a obra finalmente sairá do papel, criando oportunidades comerciais e culturais que transcendem fronteiras. O investimento de R$ 429,5 milhões gerará empregos, dinamizará a economia local e estabelecerá um corredor logístico estratégico para toda a região.

Igualmente relevante é a expansão do programa Luz para Todos. Levar energia elétrica a 6.642 famílias significa oferecer condições básicas de cidadania a populações historicamente marginalizadas. A eletricidade rural não apenas ilumina casas, mas possibilita educação, saúde, comunicação e desenvolvimento econômico em comunidades isoladas.

Os investimentos no Rio Madeira merecem análise cuidadosa. A dragagem e futura concessão da hidrovia são fundamentais para o escoamento da produção regional, mas exigem rigoroso acompanhamento ambiental. O equilíbrio entre desenvolvimento econômico e preservação dos ecossistemas aquáticos deve nortear todas as intervenções no principal rio do estado.

Na educação, a criação do Hospital Universitário da Unir preenche lacuna histórica na formação de profissionais da saúde. A estrutura beneficiará não apenas estudantes, mas a população em geral que terá acesso a atendimento especializado. Complementam esse avanço as obras nos institutos federais, ampliando o ensino técnico em diversas regiões.

Contudo, é preciso vigilância para que os recursos sejam aplicados com transparência e eficiência. A sociedade rondoniense deve acompanhar cada etapa das obras, cobrando qualidade e cumprimento de prazos. A experiência mostra que grandes investimentos podem se perder em desvios, superfaturamentos ou execução inadequada.

O momento exige maturidade política e visão de longo prazo. Os investimentos anunciados devem ser o início de um processo contínuo de desenvolvimento, não ações isoladas com fins eleitorais. Rondônia precisa de planejamento estratégico que articule infraestrutura, educação, saúde e sustentabilidade ambiental.

O desafio está lançado. Com recursos garantidos e obras iniciadas, cabe aos gestores públicos, empresários e sociedade civil trabalharem conjuntamente para que este momento histórico se traduza em transformação real e duradoura para todos os rondonienses.

Diário da Amazônia