Porto Velho (RO)18 de Novembro de 202515:20:59
EDIÇÃO IMPRESSA
Diário da Amazônia

Enfrentar a violência requer pacto social e políticas integradas

Confira o editorial


Imagem de Capa

Imagem ilustrativa

PUBLICIDADE

O enfrentamento da violência letal em Rondônia, conforme indicam os dados do mais recente do Anuário Cidades Mais Seguras do Brasil 2025, compilado pela MySide, transcende as esferas administrativa e policial. O desafio imposto pelos altos índices de homicídio, em especial diante do avanço de facções interestaduais, demanda resposta sistêmica baseada em ações integradas e contínuas. A elevação das taxas em alguns municípios do estado decorre de fatores que incluem vulnerabilidade social, expansão de organizações criminosas e oscilações na efetividade dos sistemas de prevenção.

A presença de grupos organizados, que se manifestam tanto por meio de ações violentas quanto no recrutamento local, representa novo vetor de complexidade à segurança pública estadual. Investigações ressaltam a capacidade desses grupos em articular comandos externos, influenciar rotinas urbanas e impor restrições à livre circulação em determinadas áreas. Situações recentes mostraram como episódios pontuais podem impactar o funcionamento de serviços públicos e agravar a sensação de insegurança.

Ao mesmo tempo, variações positivas no interior do estado expõem que políticas locais, desenho urbano e estratégias municipais de segurança podem alterar trajetórias regionais. A conjuntura estadual não é homogênea: enquanto umas cidades apresentam declínio nos indicadores, outras concentram a elevação dos índices letais. A pluralidade de realidades, combinada à atuação federal limitada e à necessidade de articulação interinstitucional, evidencia a importância de pactos regionais.

A análise do anuário, composta a partir de registros reconhecidos nacionalmente, oferece parâmetro importante, mas não encerra a discussão sobre segurança pública. É fundamental compreender que homicídios compõem apenas parte do problema, ao lado de crimes patrimoniais, violência interpessoal e dinâmicas criminais ligadas ao contexto amazônico e de fronteira.

O fortalecimento das políticas integradas, a execução de projetos sociais comunitários e investimentos em inteligência policial e justiça criminal se apresentam como alternativas necessárias à mitigação dos resultados observados. Não menos importante, o monitoramento das políticas já implementadas e a participação da sociedade civil são elementos para o aprimoramento do quadro nos próximos anos.

A construção de soluções viáveis para a redução dos índices de homicídios em Rondônia, portanto, exige o reconhecimento da complexidade estrutural do fenômeno, a superação das fragmentações institucionais e o comprometimento de múltiplos agentes públicos e privados, a fim de garantir avanços mais estáveis no campo da segurança.

Diário da Amazônia

Últimas notícias de Diário da Amazônia