Divulgação
O mundo tem data para acabar — mas não precisa entrar em pânico ainda. Segundo um novo estudo da Universidade Cornell, o universo pode chegar ao fim em cerca de 33,3 bilhões de anos. A revisão dessa projeção cósmica surgiu a partir de uma nova compreensão da energia escura — a misteriosa força que acelera a expansão do universo.
De acordo com o modelo proposto pelos cientistas, a energia escura teria uma natureza mista: uma parte cosmológica e outra composta por áxions, partículas hipotéticas que os pesquisadores acreditam estar associadas à matéria escura.
O que torna esse modelo particularmente intrigante é o fato de ele considerar uma constante cosmológica negativa. Isso significa que, apesar da atual expansão acelerada do universo, o processo poderá ser revertido no futuro, levando a uma contração gradual. Em termos simples: em vez de se expandir para sempre, o universo pode começar a encolher — rumo a um novo Big Crunch.
O Big Crunch é uma das hipóteses mais fascinantes (e sombrias) sobre o fim do universo. A ideia é que, após um período de expansão, a gravidade vença e o cosmos colapse sobre si mesmo, voltando a um estado de densidade extrema — possivelmente reiniciando o ciclo com um novo Big Bang.
Essa possibilidade havia sido deixada de lado nas últimas décadas, especialmente após a descoberta da expansão acelerada do universo, que tornou esse cenário improvável sob os modelos clássicos de energia escura. No entanto, a nova proposta contorna essa limitação e reintroduz o Big Crunch como uma hipótese viável.
O universo, vale lembrar, surgiu há cerca de 13,8 bilhões de anos com o Big Bang. Desde então, a energia escura tem sido responsável pela sua expansão crescente. Além do Big Crunch, outras teorias sobre o fim incluem a morte térmica (quando tudo se expande e esfria até a inatividade), o Big Rip (em que a energia escura rasga o próprio tecido do espaço-tempo), o Big Bounce (um eterno ciclo de expansão e colapso) e o decaimento do falso vácuo (um fenômeno quântico aleatório e imprevisível que apagaria tudo instantaneamente).
O estudo que sugere um novo prazo para o fim do universo ainda aguarda revisão por pares. Ele foi publicado no repositório científico arXiv, mas já levanta discussões importantes sobre o futuro (muito distante) do cosmos — e sobre como a humanidade ainda tem muito a aprender sobre a energia escura
Correio Braziliense