Porto Velho (RO)26 de Setembro de 202516:52:51
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Ciência & Tecnologia

Terra já rompeu 7 dos 9 limites planetários, aponta estudo

A acidificação dos oceanos entrou na lista de fronteiras ultrapassadas


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O planeta já rompeu sete dos nove limites planetários, indicadores que medem se a Terra ainda opera em condições seguras para sustentar a vida. O levantamento de 2025 aponta que, além dos seis processos críticos identificados em 2024, a acidificação dos oceanos entrou na lista de fronteiras ultrapassadas, demonstrando a intensificação da pressão humana sobre os sistemas naturais.

O estudo foi realizado pelo Instituto Potsdam para Pesquisa sobre o Impacto Climático (PIK) e analisou processos essenciais para o equilíbrio ambiental da Terra. Se o aumento da temperatura global não for controlado, eventos como o colapso de ecossistemas e desastres climáticos extremos tendem a se tornar cada vez mais frequentes. Veja os limites ultrapassados:

Mudanças no uso da terra

A transformação de paisagens naturais, principalmente por desmatamento e urbanização, já ultrapassou os limites seguros. A cobertura florestal global está atualmente em torno de 59% do que seria considerado ideal, impactando funções ecológicas vitais. Entre 2000 e 2018, cerca de 90% da desflorestação direta se deveu à expansão de terras agrícolas, sendo 52,3% para cultivo de alimentos e 37,5% para criação de gado.

Mudanças climáticas

O aumento da concentração de gases de efeito estufa elevou a temperatura do planeta a níveis considerados de alto risco. Em 2024, a quantidade de CO₂ atmosférico alcançou 422 ppm, acima do limite seguro de 350 ppm. A força do aquecimento causada pela atividade humana supera 2,79 W/m², muito acima do valor seguro de 1 W/m², contribuindo para eventos climáticos extremos como chuvas torrenciais, ondas de calor e secas.

Biodiversidade

A integridade da biosfera também está em risco. Alterações nos ecossistemas, especialmente em regiões agrícolas, aceleram a perda de espécies. Nos últimos 500 anos, pelo menos 73 grupos de vertebrados desapareceram, e a degradação de habitats naturais compromete a diversidade genética essencial à sobrevivência das espécies.

Ciclos do nitrogênio e fósforo

O uso excessivo de fertilizantes afetou gravemente os ciclos biogeoquímicos do nitrogênio e fósforo, provocando eutrofização e redução de oxigênio em ambientes aquáticos. Em 2024, o fluxo de fósforo para os oceanos chegou a 22,6 Tg P/ano e a fixação de nitrogênio atingiu 190 Tg N/ano, superando os limites seguros estabelecidos em 11 Tg P/ano e 62 Tg N/ano.

Uso de água doce e poluição química

A pressão sobre a água doce já ultrapassa os limites seguros, afetando 18% da superfície da Terra e 16% do solo. Além disso, a poluição química, incluindo microplásticos e substâncias tóxicas, ameaça ecossistemas e a saúde humana. Estudos recentes identificaram microplásticos no cérebro humano, alertando para impactos significativos da poluição química.

Acidificação dos oceanos

A acidificação dos oceanos, causada pelo aumento de CO₂, prejudica organismos marinhos que formam estruturas calcárias, como corais e moluscos. O estudo mostra danos já visíveis em pterópodes de altas latitudes, pequenos moluscos essenciais para cadeias alimentares. A queda do pH nos oceanos compromete recifes, ecossistemas e o papel regulador do oceano sobre o clima global.

O relatório reforça que apenas os limites relacionados à camada de ozônio e aerossóis atmosféricos permanecem dentro da zona segura. Pesquisadores alertam que medidas urgentes são necessárias para evitar impactos irreversíveis sobre o planeta e a vida humana.















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