Covid: muitas pessoas perderam olfato e nem perceberam, sugere estudo
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Um dos sintomas mais clássicos da Covid-19 durante a pandemia foi a perda de olfato. Cientistas americanos sugerem que até pacientes que não perceberam dificuldade em sentir cheiros foram afetados.
Um estudo publicado na revista científica JAMA em setembro avaliou o olfato de adultos cerca de 1 ano e 8 meses depois que tiveram Covid-19. Os resultados sugerem que a perda ou redução do olfato pode persistir mesmo em pessoas que não perceberam essa alteração.
No total, 3.525 participantes foram submetidos ao teste chamado UPSIT, um método validado que envolve a identificação de 40 odores. Desses, 2.956 tinham histórico de infecção e foram divididos entre aqueles que relataram mudança ou perda de olfato e os que não perceberam.
Entre os infectados que afirmaram ter tido alteração olfatória, 79,8 % apresentaram hiposmia (capacidade reduzida de cheirar) e 23 % tinham perda severa ou anosmia (perda total).
Já entre aqueles que disseram não ter notado nenhuma diferença no olfato, o resultado também surpreendeu: cerca de dois terços apresentaram desempenho anormal no teste. Ou seja, mesmo sem perceber, muitas dessas pessoas perderam parte da capacidade de sentir cheiros — uma condição que os pesquisadores chamam de "disfunção olfatória oculta".
Os dados indicam que muitas pessoas podem ter a disfunção mesmo anos após a infecção. Além disso, houve associação entre resultados alterados no olfato e relato de dificuldades cognitivas (como "brain fog") — entre aqueles com alteração olfatória percebida e 66,8% relataram problemas de concentração se o teste foi anormal.
Os autores sugerem que testes formais de olfato podem ser incorporados ao acompanhamento pós-Covid para identificar e orientar pacientes com disfunção olfatória persistente. No entanto, reconhecem limitações, como o fato de não avaliarem alteração no paladar e possíveis erros no teste.
O levantamento reforça que os efeitos da Covid-19 sobre o olfato podem se estender por muito tempo e sem sintomas perceptíveis, o que levanta questões importantes para rastreamento, diagnóstico e cuidados prolongados após a infecção.
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