Porto Velho (RO)14 de Janeiro de 202518:26:11
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RONDÔNIA

Devastação em área protegida expõe fragilidade da fiscalização

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Foto: Reprodução

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O desmatamento de uma área de 436,88 hectares de mata nativa em Machadinho D’Oeste é mais do que um triste exemplo da pressão sobre nossas florestas: trata-se de um alerta urgente para a fragilidade do controle ambiental no país. Essa área, equivalente a mais de 600 campos de futebol e destinada à preservação, foi devastada sem qualquer autorização ambiental, revelando lacunas graves na fiscalização e na preservação de nossas riquezas naturais.

Embora o Ministério Público de Rondônia (MP-RO) tenha demonstrado celeridade ao abrir um inquérito civil público para investigar o caso, a recorrência de episódios como este indica que as ações corretivas, por mais necessárias que sejam, não bastam. É preciso investir em estratégias preventivas que garantam o cumprimento das normas ambientais antes que o dano seja irreversível.

A destruição de uma área protegida não afeta apenas a biodiversidade local, mas também gera consequências que reverberam em todo o ecossistema, incluindo alterações no clima, na disponibilidade de recursos hídricos e na qualidade de vida das populações dependentes da floresta. Isso é agravado pelo fato de que Rondônia, um dos estados mais atingidos pelo desmatamento, enfrenta desafios ambientais que vão além das suas fronteiras, afetando diretamente os compromissos climáticos do Brasil em fóruns internacionais. O episódio em Machadinho D’Oeste evidencia falhas tanto na fiscalização quanto na responsabilização de crimes ambientais.

A utilização de imagens de satélite pelo Centro Nacional de Monitoramento e Informações Ambientais (Cenima) demonstra o potencial da tecnologia no monitoramento de áreas vulneráveis, mas é necessário que essas informações sejam integradas em um sistema que permita ações rápidas e efetivas.

Por outro lado, é preciso considerar as dificuldades enfrentadas por pequenos agricultores e comunidades locais, que muitas vezes dependem da terra para sobreviver. Sem políticas públicas que promovam alternativas sustentáveis, o desmatamento acaba sendo uma escolha forçada. Investir em programas de incentivo à agricultura sustentável e ao manejo florestal responsável é tão essencial quanto punir os responsáveis pelos crimes ambientais. É fundamental que o inquérito conduzido pelo MP-RO vá além da identificação e responsabilização dos envolvidos, avançando na reparação dos danos causados e na construção de soluções que impeçam a repetição de episódios semelhantes.

O envolvimento de diferentes órgãos, como Idaron, Polícia Civil e o Cartório de Registro de Imóveis, é um passo importante para garantir que os culpados sejam efetivamente punidos e que a integridade ambiental seja restaurada.

O Brasil precisa equilibrar o desenvolvimento econômico com a preservação de suas riquezas naturais. Sem isso, comprometeremos nosso futuro e o de gerações vindouras. O caso de Machadinho D’Oeste deve ser um marco na luta por um modelo mais justo e sustentável, que proteja o meio ambiente enquanto atende às necessidades da população.







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