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No Centro de Referência de Assistência Social de Porto Velho, o atendimento a vítimas de violência começa com escuta. Mas quem escuta também sente. Assistentes sociais, psicólogos e técnicos da rede de proteção enfrentam diariamente situações difíceis: gritos, lágrimas e traumas que, além de afetar as vítimas, deixam marcas profundas nos próprios profissionais.
O ambiente de trabalho, que deveria ser um espaço de apoio e segurança, em alguns casos torna-se um fator de adoecimento. Relatos de ansiedade, crises de pânico, depressão e pedidos de afastamento têm se tornado cada vez mais comuns. "A linha entre o cuidado e o sofrimento é muito fina", destaca uma psicóloga da rede.
De acordo com informações, a demanda em algumas unidades de atendimento chega a ser quase três vezes maior que a capacidade recomendada. "Hoje nós atendemos o triplo do que seria ideal", afirma Ana Paula Lira, assistente social. A sobrecarga faz com que esses profissionais precisem lidar com a dor do outro sem esquecer de cuidar da própria dor.
O suporte psicológico a esses trabalhadores, no entanto, é frágil e parece distante da qualidade necessária. "Você observa a equipe e vê que todos estão adoecidos", relata Ana Paula. Enquanto o apoio institucional não chega, os profissionais seguem se ajudando da forma mais simples possível: um acolhendo o outro.
"Hoje, nosso suporte é entre nós mesmos, na medida do possível", explica Inês Rosa, psicóloga. O trabalho exige resiliência, mas, sem estrutura adequada, o risco de esgotamento só aumenta. Enquanto isso, eles seguem na linha de frente, carregando não só as histórias das vítimas, mas também o peso das feridas invisíveis que o ofício deixa.
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