VÍDEO: Cientistas brasileiros criam medicação revolucionária que devolve movimentos a tetraplégicos
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O tratamento, à base da proteína polilaminina, sintetizada em laboratório a partir da placenta humana, já apresenta resultados impressionantes em testes clínicos. A droga é aplicada diretamente na medula durante cirurgia e forma uma espécie de "malha biológica" que orienta os neurônios a se reconectarem, restaurando a comunicação entre cérebro e corpo. O procedimento, que exige rigor técnico, é feito preferencialmente nas primeiras 72 horas após o trauma, aumentando as chances de recuperação.
O brasileiro Bruno Drummond de Freitas tinha 35 anos quando um acidente automobilístico em 2018 o deixou tetraplégico. Seu caso parecia irreversível até que cientistas da Universidade Federal de Río de Janeiro o incluíram em um estudo experimental, utilizando um tratamento com polilaminina, uma proteína extraída da placenta que ajuda a recriar conexões neuronais perdidas.
Duas semanas após o início, ele moveu pela primeira vez um dedo do pé e atualmente está caminhando. Este avanço, desenvolvido ao longo de mais de 25 anos, pode transformar o futuro da medicina mundial. Um dos pacientes mais emblemáticos é o bancário Bruno Drummond de Freitas, de 30 anos. Após um grave acidente de carro, ele sofreu uma lesão cervical completa e perdeu todos os movimentos. "No início, os médicos disseram que eu passaria o resto da vida em cadeira de rodas.
Depois, falaram que talvez conseguisse andar com muletas. Mas eu nunca perdi a esperança. Quando mexi o dedão do pé pela primeira vez, todos ficaram em choque. Hoje, faço trilhas com amigos", relembra Bruno. Bruno foi o segundo paciente a receber a polilaminina e atribui sua recuperação à pesquisa desenvolvida no Rio de Janeiro com apoio da FAPERJ. Como funciona a polilaminina A proteína foi criada com base na laminina, presente em abundância durante o desenvolvimento embrionário, mas rara na vida adulta.
A pesquisadora Tatiana Sampaio, da UFRJ, descobriu que era possível recriar essa malha em laboratório e aplicá-la em regiões lesionadas da medula. "Quando reintroduzimos a polilaminina no organismo, ela age como um guia, permitindo que os neurônios voltem a se comunicar.
Esse processo possibilita a recuperação gradual dos movimentos", explica Tatiana. Resultados e perspectivas Todos os pacientes que receberam o tratamento até agora apresentaram evolução motora significativa — alguns recuperaram braços, pernas ou abdômen, retomando atividades diárias e independência.
A expectativa é que, com aprovação definitiva da Anvisa, a terapia passe a integrar os protocolos médicos de hospitais brasileiros. Especialistas acreditam que, no futuro, até pessoas que sofreram lesões antigas poderão se beneficiar da técnica.
Ciência que transforma vidas Para Caroline Alves, presidente da FAPERJ, o avanço é um marco não apenas científico, mas também social: "O que começou em laboratório agora mostra resultados concretos em humanos. É emocionante ver que brasileiros que perderam os movimentos estão voltando a andar graças a uma pesquisa feita aqui, com recursos públicos. Esse é o verdadeiro poder da ciência." Se confirmados em larga escala, os resultados poderão transformar para sempre o tratamento de lesões medulares, oferecendo esperança a milhares de pessoas no Brasil e no mundo.
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