Porto Velho (RO)10 de Setembro de 202513:19:02
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Avanços contra enchentes esbarram no lixo das ruas

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O desafio dos alagamentos urbanos em Porto Velho é um retrato de uma realidade que não se restringe a uma única cidade, mas reflete um problema estrutural comum a muitos centros brasileiros. Obras de drenagem, limpeza de canais e desobstrução de bueiros representam avanços necessários, mas nunca serão suficientes se não vierem acompanhadas de uma mudança cultural profunda e de um planejamento urbano de longo prazo. A administração pública, por mais que se empenhe em executar melhorias, não pode carregar sozinha uma responsabilidade que, em essência, é compartilhada com cada habitante da cidade.

A questão é complexa porque envolve fatores técnicos, financeiros e sociais. De um lado, estão as limitações de recursos que dificultam a execução de grandes projetos estruturais. De outro, há a urgência da população que sofre, a cada estação chuvosa, com ruas alagadas, casas invadidas pela água e prejuízos que se repetem ano após ano. Entre esses dois extremos, surge a necessidade de ações imediatas, como a manutenção constante das redes pluviais, e de políticas permanentes, voltadas à prevenção e à adaptação da cidade às mudanças climáticas que tornam os temporais mais frequentes e intensos.

Não se pode ignorar, entretanto, o papel decisivo do comportamento individual. O hábito de descartar lixo nas ruas, por mais banal que pareça, tem consequências diretas e visíveis sobre a coletividade. Sacolas plásticas, garrafas pet e entulhos lançados de forma inadequada obstruem bueiros e impedem o escoamento da água. Cada gesto de descuido contribui para agravar um quadro que já é delicado. Nesse sentido, não basta investir em máquinas e obras: é preciso investir também em educação cidadã, em campanhas permanentes que conscientizem a população sobre a importância de práticas responsáveis no dia a dia.

Ao mesmo tempo, cabe à gestão municipal manter o compromisso de acompanhar, fiscalizar e ampliar as ações. A experiência recente de Porto Velho, em que pontos historicamente críticos apresentaram melhorias após intervenções específicas, comprova que o esforço dá resultado. Mas é igualmente verdadeiro que a cidade ainda está longe de vencer o problema. Os avanços pontuais precisam ser consolidados em um plano abrangente, que una intervenções de infraestrutura com políticas ambientais e urbanísticas mais ousadas.

O desafio, portanto, é coletivo. O poder público tem a obrigação de conduzir obras, planejar o crescimento urbano e buscar recursos. A população, por sua vez, deve compreender que cuidar da cidade é cuidar de si mesma. Se cada um assumir sua parte na responsabilidade, Porto Velho poderá enfrentar de forma mais eficaz um problema que há décadas compromete a mobilidade, a saúde pública e a qualidade de vida. É um caminho que exige persistência, disciplina e visão de futuro. Mais do que isso: exige cooperação entre governo e sociedade, pois só assim será possível transformar avanços pontuais em conquistas permanentes.

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