Porto Velho (RO)14 de Outubro de 202511:21:25
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Rachadinhas revelam a fragilidade do sistema

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A deflagração da Operação Face Oculta, pela Polícia Civil e pelo Ministério Público de Rondônia (MP-RO), representa mais um capítulo na luta contra o mau uso do dinheiro público e a fragilidade dos mecanismos de controle dentro das estruturas legislativas municipais. O caso, que envolve a suspeita de desvio de parte da remuneração de servidores comissionados, da Câmara Municipal de Porto Velho, na famigerada "rachadinha", reacende um debate recorrente sobre a transparência e a ética na administração pública.

O Poder Legislativo, em qualquer instância, carrega a responsabilidade de zelar pelos recursos que administra e pelo exemplo que deve oferecer à sociedade. Quando há indícios de que agentes públicos se aproveitam de cargos de confiança para desviar valores, toda a estrutura institucional é colocada sob questionamento. A confiança do cidadão, já abalada por reiterados episódios de corrupção, torna-se ainda mais difícil de reconstruir.

É importante, contudo, separar o avanço das investigações do julgamento precipitado. A apuração de fatos, a coleta de provas e a análise criteriosa dos documentos são etapas essenciais para garantir que eventuais responsabilizações ocorram dentro dos limites da lei. O combate à corrupção não pode prescindir do respeito ao devido processo legal, princípio basilar de qualquer Estado Democrático.

Ao mesmo tempo, os casos recorrentes de "rachadinhas" e de "funcionários fantasmas" evidenciam uma necessidade estrutural de revisão dos mecanismos de contratação e controle dos cargos comissionados. Esses postos, criados para oferecer agilidade e assessoria técnica, não podem se converter em instrumentos de enriquecimento ilícito ou de manutenção de práticas clientelistas.

As instituições de fiscalização e controle interno precisam atuar de forma permanente, e não apenas em ações pontuais ou reativas. O fortalecimento dos órgãos de auditoria, a transparência das folhas de pagamento e o acesso público aos dados de cargos e funções são medidas que, somadas, ajudam a prevenir distorções e restaurar a credibilidade das instituições.

A operação deflagrada em Porto Velho é um lembrete de que o combate à corrupção exige continuidade, independência e vigilância constante. O interesse público deve sempre prevalecer sobre qualquer benefício individual. A integridade na gestão pública não é apenas uma exigência legal — é um compromisso ético com a sociedade e com o futuro das instituições democráticas.

O caso reforça a importância de fortalecer a cultura da responsabilidade pública e de garantir que os cargos de confiança sejam ocupados com critérios técnicos e éticos, assegurando que a administração sirva, de fato, ao interesse coletivo e não a conveniências pessoais.

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