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Um time de astrônomos internacionais descobriu um planeta gigante e ainda em formação, orbitando uma estrela jovem semelhante ao nosso Sol. O novo mundo, batizado de WISPIT 2b, oferece a possibilidade de acompanhar o nascimento dos planetas e ajuda a desvendar mistérios sobre a formação do nosso próprio Sistema Solar.
A descoberta, feita com o Very Large Telescope (VLT) no Chile, revelou o planeta em um estágio inicial da evolução. Com apenas 5 milhões de anos — um piscar de olhos em tempo cósmico — e uma massa cerca de cinco vezes maior que a de Júpiter, o WISPIT 2b orbita dentro de um disco de poeira e gás que cerca sua estrela, o WISPIT 2.
O que torna a descoberta especial é que WISPIT 2b é apenas o segundo planeta confirmado em uma fase de formação tão precoce. Além disso, é o primeiro a ser encontrado de forma inequívoca dentro de um disco com múltiplos anéis e fendas. Essa configuração faz do sistema WISPIT 2 um "laboratório ideal" para os cientistas, que agora podem observar em tempo real a interação entre o planeta e o disco de material que o cerca.
"Descobrir esse planeta foi uma experiência incrível - tivemos uma sorte incrível. O WISPIT 2, uma versão jovem do nosso Sol, está localizado em um grupo pouco estudado de estrelas jovens, e não esperávamos encontrar um sistema tão espetacular. Este sistema provavelmente será uma referência nos próximos anos", afirma Richelle van Capelleveen, uma aluna de doutorado em início de carreira da Universidade de Leiden, na Holanda, e coliderado por uma equipe de pós-graduandos da Universidade de Galway, na Irlanda.
Anteriormente, os astrônomos já suspeitavam que a formação de planetas gigantes poderia criar estruturas em discos de poeira, como anéis e fendas. A descoberta de WISPIT 2b em uma dessas fendas — a cerca de 57 unidades astronômicas de sua estrela, mais longe do que o planeta anão Plutão está do nosso Sol — é uma confirmação poderosa dessa teoria. É como se o planeta estivesse "abrindo caminho" em sua órbita, limpando o material ao seu redor. Uma unidade astronômica tem o comprimento efetivamente igual à distância média entre a Terra e o Sol , definida como 149,5 milhões de quilômetros.
A equipe usou diferentes comprimentos de onda de luz para estudar o WISPIT 2b. A observação em luz infravermelha mostrou o planeta ainda brilhante e quente, uma característica de mundos recém-nascidos que emitem o calor residual da formação. Já a detecção em luz visível sugere que ele ainda está acumulando ativamente material do disco, crescendo a cada dia.
Os cientistas também notaram que o disco de poeira ao redor do WISPIT 2 se estende por 380 unidades astronômicas, uma distância colossal. Esse disco é dividido por quatro anéis concêntricos e fendas, criadas pela dança de material e possivelmente outros planetas em formação.
Essa descoberta fortalece a hipótese de que planetas gigantes de órbita larga, como WISPIT 2b, podem se formar diretamente onde são encontrados. Isso contrasta com modelos anteriores que sugeriam que esses planetas se formariam mais perto de suas estrelas e depois migrariam para fora.
Correio Braziliense