Foto: Reprodução/ESTADÃO
Os bebês Reborn, bonecas artesanais feitas para imitar recém-nascidos com detalhes como veias, batimentos cardíacos simulados e até respiração, têm atraído diferentes perfis de consumidores. Para alguns, são itens de coleção ou presentes lúdicos. Para outros — especialmente mulheres que enfrentaram perdas gestacionais, infertilidade ou luto de um filho —, assumem um papel terapêutico ou simbólico, sendo tratados com cuidados e afeto semelhantes aos dedicados a bebês reais.
O fenômeno, porém, ultrapassa o hobby e levanta debates. Relatos de adultos agendando consultas médicas, usando assentos preferenciais e até disputando judicialmente a "guarda" das bonecas viralizaram nas redes. A advogada constitucionalista Sthefany Salomão citou um caso em que uma cliente buscou orientação sobre direitos legais vinculados a um Reborn, alegando "apego emocional". Embora a Constituição Federal proteja a vida humana desde a concepção, a legislação não abrange objetos inanimados.
Em Minas Gerais, o deputado estadual protocollou o Projeto de Lei nº 3.757/2025, que propõe proibir o atendimento de bonecas Reborn em serviços públicos, classificando a prática como "devaneio da sociedade contemporânea". A medida visa evitar supostos riscos à ordem pública.
Uso terapêutico x alerta psicológico
Psicólogos destacam que o vínculo com as bonecas pode ser saudável quando alivia traumas ou perdas, mas casos de sofrimento intenso, prejuízo funcional ou apego excessivo podem indicar necessidade de acompanhamento. "O limite está na fronteira entre o simbólico e a realidade", explica a psicóloga Natália Leite.
Enquanto colecionadores exibem os Reborn como obras de arte, vídeos de "partos" simulados e cuidados diários com as bonecas acumulam milhões de visualizações, refletindo a complexidade desse fenômeno que mistura arte, terapia e controvérsia.
Portal SGC