Porto Velho (RO)15 de Janeiro de 202513:05:14
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A violência que paralisa Porto Velho: uma reflexão necessária

Confira o editorial


A onda de violência que atingiu Porto Velho e municípios vizinhos nos últimos dias evidencia uma preocupante escalada da criminalidade. A paralisação do sistema de transporte coletivo, com 100% da frota recolhida, deixa claro que a população vive refém do medo. O assassinato do cabo Fábio Martins de Andrade Cardoso, seguido por ataques coordenados a ônibus e veículos, exige uma análise profunda sobre a atuação das forças de segurança, a infraestrutura das comunidades e o papel da sociedade no enfrentamento ao crime organizado.

A morte do policial militar no residencial Orgulho do Madeira não foi um crime isolado. Esse episódio, somado às represálias subsequentes, é o reflexo de uma tensão crescente em uma área marcada pela vulnerabilidade social e pela presença de organizações criminosas como o Comando Vermelho. A ausência de políticas públicas eficazes para promover a inclusão social e o desenvolvimento urbano contribui para a consolidação desses grupos, que encontram terreno fértil em locais desassistidos pelo Estado.

Os ataques, que culminaram em incêndios de ônibus em Porto Velho, Candeias do Jamari e outras localidades, representam mais que ações de vandalismo. São demonstrações de força e poder de articulação de uma facção criminosa que desafia diretamente a autoridade do Estado. A sociedade assiste, apreensiva, enquanto a mobilidade urbana é interrompida e a rotina da cidade é drasticamente alterada.

As forças de segurança, por sua vez, têm respondido com operações ostensivas no combate aos responsáveis pelos crimes. A prisão de André Lucas M. M., conhecido como "Afroex do CV", e Vitória C. V. na noite de terça-feira (14) é um exemplo disso. Contudo, a repressão ao crime precisa ser acompanhada por medidas estruturais que combatam suas causas. Sem uma estratégia integrada que envolva educação, saúde, habitação e oportunidades de emprego, o enfrentamento será apenas paliativo.

É indispensável que o poder público, em todos os níveis, intensifique os investimentos em inteligência policial e promova ações conjuntas entre as forças de segurança e as comunidades. A sociedade civil também deve ser mobilizada, por meio de parcerias com organizações sociais, igrejas e entidades comunitárias, para atuar na prevenção ao crime e na construção de alternativas para os jovens que vivem nessas áreas.

A paralisia do transporte público é um alerta para os riscos que a violência representa à estrutura urbana e ao cotidiano da população. Enquanto ônibus, caminhões e até equipamentos de segurança pública são alvos de ataques, a sensação de insegurança se intensifica e compromete o bem-estar dos moradores.

É necessário que a sociedade como um todo cobre respostas efetivas e rápidas das autoridades, mas também se conscientize de que o enfrentamento à criminalidade exige um esforço coletivo e contínuo. O combate à violência passa pela construção de uma cidade mais justa, onde todos tenham acesso às oportunidades necessárias para viver com dignidade.

Diário da Amazônia

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