A regulamentação da Lei nº 5.567, que estabelece normas para o uso de agrotóxicos em Rondônia, é um passo importante para proteger a saúde pública e o meio ambiente. Contudo, a discussão sobre o tema deve ir além do controle do uso desses produtos químicos. É necessário refletir sobre os impactos do modelo agrícola atual e buscar alternativas que promovam uma produção sustentável, garantindo alimentos saudáveis e livres de agrotóxicos para a população.

O consumo de alimentos contaminados por agrotóxicos está diretamente relacionado a diversas moléstias, como intoxicações, doenças crônicas e até câncer. A regulamentação, ao impor regras mais rígidas para a comercialização e aplicação desses produtos, é um avanço na tentativa de minimizar esses riscos. No entanto, é preciso ir além da fiscalização. A aposta em práticas agrícolas naturais e sustentáveis deve ser incentivada como uma estratégia para reduzir a dependência de substâncias químicas nocivas.

Técnicas como o controle biológico de pragas, que utiliza inimigos naturais dos insetos prejudiciais às lavouras, são exemplos viáveis e eficazes. O uso de predadores naturais, como joaninhas no combate aos pulgões ou vespas parasitóides para controlar lagartas, pode substituir os agrotóxicos em várias culturas. Outra prática promissora é o manejo integrado de pragas (MIP), que combina diferentes métodos — culturais, biológicos e físicos — para manter as populações de pragas abaixo do nível de dano econômico. Além disso, a rotação de culturas e o plantio consorciado ajudam a prevenir infestações e fortalecem o solo.

Essas alternativas não apenas garantem alimentos mais saudáveis para os consumidores, mas também preservam a biodiversidade e protegem os recursos naturais. O uso indiscriminado de agrotóxicos tem causado danos significativos ao meio ambiente, contaminando solos, rios e lençóis freáticos. A regulamentação em Rondônia é uma oportunidade para reverter esse cenário, mas deve ser acompanhada por incentivos à adoção dessas práticas sustentáveis pelos agricultores.

A implementação do Sistema Siafro é um avanço importante na fiscalização e rastreabilidade dos agrotóxicos em Rondônia. Contudo, é fundamental que o estado invista também na capacitação dos produtores rurais para que conheçam as técnicas naturais disponíveis e possam aplicá-las em suas propriedades. A redução do uso de venenos agrícolas não é apenas uma questão de saúde pública; é também uma medida essencial para proteger a natureza e garantir a sustentabilidade da agricultura no longo prazo.

A transição para uma agricultura mais sustentável requer um esforço conjunto entre governo, produtores e consumidores. O papel do Estado é fundamental na criação de políticas que incentivem a adoção de práticas agrícolas menos dependentes de agrotóxicos, oferecendo suporte técnico e financeiro para a implementação de tecnologias alternativas. Além disso, a pesquisa e o desenvolvimento de novos métodos de cultivo devem ser priorizados, promovendo inovações que ajudem os agricultores a aumentar a produtividade sem comprometer a saúde pública ou o meio ambiente.

Diário da Amazônia