Porto Velho (RO)23 de Fevereiro de 202501:08:35
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Política educacional fluvial exige planejamento contínuo e amplo

Confira o editorial


O investimento do governo de Rondônia em 60 embarcações para o transporte escolar fluvial às comunidades ribeirinhas merece uma análise aprofundada. A iniciativa, que atenderá cerca de mil estudantes em 19 escolas às margens dos rios, representa um passo importante, mas também evidencia a complexidade do acesso à educação em regiões remotas da Amazônia. A logística educacional em áreas ribeirinhas sempre foi um desafio peculiar. Diferentemente do transporte terrestre, o fluvial enfrenta variações sazonais dos rios, necessidade de manutenção especializada e riscos próprios da navegação. A aquisição de 50 motores novos e reforma de 20 voadeiras demonstra preocupação com a segurança, mas demanda atenção constante à manutenção preventiva.

O investimento em capacitação de pilotos e monitores é fundamental. Entretanto, é preciso estabelecer um programa contínuo de treinamento, considerando a rotatividade natural desses profissionais e as atualizações necessárias em procedimentos de segurança. A navegação em rios amazônicos requer habilidades específicas e conhecimento profundo das condições locais. É louvável que a parceria entre estado e municípios busque garantir eficiência no atendimento. Porém, é necessário estabelecer protocolos claros de responsabilidades compartilhadas na manutenção das embarcações, abastecimento e, principalmente, planos de contingência para situações adversas como enchentes ou secas severas.

A iniciativa beneficiará comunidades como Cujubim Grande, São Carlos e Nazaré, mas é importante monitorar se a distribuição das embarcações atende equitativamente todas as localidades. O planejamento deve considerar também o crescimento populacional dessas regiões e a possível necessidade de expansão da frota. O investimento em transporte escolar fluvial não pode ser visto isoladamente. O processo deve integrar um plano mais amplo de desenvolvimento das comunidades ribeirinhas, incluindo melhorias nas próprias escolas, capacitação de professores e adaptação do calendário escolar às realidades locais das comunidades tradicionais.

A sustentabilidade do programa a longo prazo dependerá de orçamento específico para manutenção e eventual substituição das embarcações. É fundamental estabelecer métricas claras de acompanhamento, como índices de frequência escolar e redução da evasão, para avaliar o real impacto do investimento implementado.

Diário da Amazônia

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