Porto Velho (RO)02 de Abril de 202515:50:05
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Cheia do Rio Madeira expõe urgência em infraestrutura preventiva

Confira o editorial


A ameaça de uma nova enchente em Porto Velho, uma década após a catástrofe de 2014, reacende preocupações latentes em toda a população. Enquanto o nível do Rio Madeira segue subindo, os impactos começam a se manifestar de forma preocupante, sobretudo nos distritos do Baixo-Madeira, onde comunidades inteiras já enfrentam perdas de plantações, animais e residências. Este cenário desafia tanto a população quanto as lideranças públicas a lidarem com um fenômeno que é, ao mesmo tempo, natural e estrutural.

A complexidade deste desafio reside justamente em equilibrar as ações emergenciais com medidas de planejamento de longo prazo. Situações como essas destacam a importância de políticas públicas que priorizem não apenas a mitigação dos impactos imediatos das enchentes, mas também a prevenção futura. Investimentos em infraestrutura, como barragens, diques e drenagens, são necessários para minimizar danos e proteger vidas. Além disso, é imperativo reforçar programas de reassentamento para comunidades ribeirinhas mais vulneráveis, garantindo-lhes segurança e qualidade de vida.

Embora previsões meteorológicas apontem continuidade de chuvas na Bolívia, intensificando a cheia do Madeira, a realidade é que os problemas provocados pelas enchentes não se limitam à natureza. A ocupação desordenada de áreas de risco e a falta de fiscalização agravam os impactos das cheias. É necessário um esforço coordenado entre diferentes esferas governamentais, órgãos de defesa civil e a própria população para enfrentar o problema de maneira eficiente.

Outra questão que emerge é o impacto econômico e social. Com estradas bloqueadas, como no caso da BR-364 e da BR-425, o transporte de mercadorias e o acesso a serviços essenciais tornam-se inviáveis, prejudicando ainda mais a região. Em tempos de crise, a solidariedade entre os moradores pode fazer diferença, mas isso não exime o poder público de sua responsabilidade em garantir assistência às comunidades atingidas, incluindo água potável, alimentos e abrigo.

Ao mesmo tempo, é essencial reconhecer a resiliência dos habitantes dessas áreas. Apesar das dificuldades, muitos permanecem firmes em suas terras, cultivando esperança de dias melhores. Esse espírito de resistência, no entanto, não pode ser substituído por improvisos. Chegou a hora de uma abordagem séria e estratégica para lidar com as enchentes na região amazônica.

O alerta em Porto Velho e outras cidades rondonienses deve servir como ponto de reflexão. A cheia não é apenas um evento isolado, mas parte de um ciclo que tem se tornado mais frequente devido às mudanças climáticas e à interferência humana nos ecossistemas. Assim, soluções pontuais não bastam; é preciso rever políticas ambientais, urbanas e sociais para enfrentar o problema em todas as suas dimensões.

Que os erros do passado sirvam como aprendizado e que as medidas tomadas agora pavimentem um caminho de mais segurança e sustentabilidade para a região. A sociedade merece e demanda ações eficazes, não apenas durante as crises, mas também nos períodos de calmaria. A natureza age sem aviso; cabe a nós estarmos sempre preparados.


Diário da Amazônia

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